domingo, 28 de agosto de 2011

Diário semanal de Lucas 1 versos 36-38


"E Isabel, tua parenta, igualmente concebeu um filho na sua velhice, sendo este já o sexto mês para aquela que diziam ser estéril. Porque para Deus não haverá impossíveis em todas as suas promessas. Então, disse Maria: Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra. E o anjo se ausentou dela."

Lucas está terminando aqui uma parte do texto. Eu quero destacar dois pontos:

Primeiro, o fato de Deus escolher a mim e a você para fazer uma obra aqui na terra, em nós e através de nós, como vimos nos versos anteriores, isto não nos deve nos levar a outra perspectiva (no mau sentido). Explicando melhor, eu percebo uma preocupação aqui. Não somos maiores que ninguém e o fato de Gabriel falar a Maria sobre a gravidez de Isabel é, também, uma exortação. Uma exortação de que Deus está fazendo aquilo que Ele quer, também em e com outras pessoas. É certo que somos especiais, mas não melhores ou piores que ninguém. A graça é de Deus, não nossa. Isso é importante hoje porque o que vemos são cristãos exigindo que Deus faça isso e aquilo... Fujamos disso.

E aí, então, há uma conclusão: Porque não há impossíveis nas promessas de Deus. É interessante este ponto. Gabriel está falando de Isabel aqui. Lembra que foi com ela e Zacarias que Lucas abriu o relato de sua versão sobre a história de Cristo? Ela, que não “poderia” engravidar, engravidou, para a admiração e inveja de muitos... A conclusão de Gabriel talvez seja a parte mais importante até aqui da nossa história. Levando este ponto para nossa vida cristã, é isso mesmo que acontece. Temos, nestes comentários a Lucas, tentado levar à prática algumas verdades que precisam ser consideradas. Eis aqui mais uma.

Não importa o que aconteça. Não importa se a viajem será longa, apertada, difícil, suada. Não há impossíveis para Deus. Isso é tão reconfortante como instigante: Deux ex machina! Assim como no teatro grego, Deus vem aqui na terra para resolver as pontas soltas de nossa história. Na prática, um exemplo serve: dizem que Spurgeon, o famoso pregador do séc. 19, antes de se tornar cristão, vivia triste porque não conseguia superar seus pecados, até que um dia entendeu que no relato do chamado dos discípulos, não havia imposições do Mestre. É uma passagem de ida, um convite sem encargos, sem complicações sociais, sem regras de vestimenta. Como costumam dizer, é um “venha como estás”. O que Spurgeon não entendia é justamente isto: Deus chama pecadores natos, que, usados por ele, surpreendem o mundo. Logo, esta história de que “não sou digno” não serve. Não há desculpas perante Deus. Paremos de autocomiseração e façamos como Maria: aqui está um servo do Senhor. Que se cumpra em mim sua palavra.

Percebeu agora? A preocupação de Gabriel é com duas coisas: uma, nada de se achar especial demais; outra, nada de se achar inapto demais. A única coisa que devemos dizer é o que sempre foi dito por homens que se encontraram com Deus: Moisés na sarça ardente, Isaías no templo, Maria com o anjo: Eis-me aqui. Deixemos que do resto Deus se encarregue. Por último, o anjo se ausenta. Retornamos então à prática do dia-a-dia, à realidade, mas voltemos diferente. Olhemos para frente, com olhos decididos, e corramos nossa carreira proposta... Amém. 

domingo, 29 de maio de 2011

Diário Semanal de Lucas 1 versos 34-35

"Então, disse Maria ao anjo: Como será isto, pois não tenho relação com homem algum? Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o ente santo que há de nascer será chamado filho de Deus."

Há sempre dúvidas que rondam nossa vida. Sempre. No caso de Maria, como? Uma pergunta tão sincera quanto a sua resposta. Humanamente falando, seria impossível. Freudianamente falando, ilusório. Mas é aquela coisa, quem somos nós pra dizer nunca? Vimos no diário anterior que este plano de Deus inclui cada uma de nossas vidas. Vimos que Ele desejou e fez assim. Vimos também que esta pergunta é a pergunta que todos nós fazemos, resultado de nossa finitude, orgulho e dúvida de nossas vidas. Mas como? Por que? Qual a razão? Como? Onde? Quando? Como é que Deus cumpre seu propósito em nós?

Eu quero meditar na resposta do anjo a Maria:  Descerá sobre ti o Espírito Santo! Sim, é através dEle que se cumpre em nossas vidas o propósito de Deus. E é necessário que seja assim, pois o ser humano por si só não pode cumprir algo divino. Deus já olhou pra terra e viu que não há ninguém que busque a Deus, não há ninguém que seja bom (no sentido divino da palavra), ou seja, não há ninguém humano capaz de dialogar com Deus e tomar suas próprias decisões sozinho, cumprindo assim a palavra de Deus.  Primeiro é necessário que Ele, na forma de Seu Espírito, desça sobre nós.

Segundo, é necessário um envolvimento com Ele. Mas isso, diga-se aqui, é algo passivo e ativo. Passivo no sentido que nós nos deixamos encher do Espírito. Lembra daquele verso: Enchei-vos do Espírito? Ativo, pois isso envolve uma escolha nossa. Já se disse que nossa vida é uma série de escolhas. Está aqui mais uma. É escolha nossa viver ou não em frente de uma TV, trabalhar ou não, orar ou não, ler ou não etc. Ttudo, tudo mesmo, passa por nosso querer. Maria fez a escolha certa. Ela disse Eis-me aqui e eis no que resultou. A nossa vida cristã só se tornou possível por isso. Claro que se ela recusasse, Deus escolheria outra pessoa, mas basear nosso ponto aqui em termos de conjecturas não dá. Deixemos os mistérios de lado e vamos ao que importa: Certamente Deus em nós, pode fazer muita coisa.

E ai, outro ponto surge, porque Maria engravidou não é? Lembra que nós, cristãos, somos comparados a alguém que nasceu de novo? Nada mais simbólico, pois o filho de Deus nasceu através de uma humana. Que assim seja conosco também. Isso pra mim, remete claramente ao tornar-se como Ele: ter a sua mente, suas atitudes, ser enfim um pequeno cristo. E aqui é o nosso ponto principal. É aqui que o Cristianismo torna-se mais que uma religião. É aqui que nós somos levados a algo maior daquilo que pensamos. Os cristãos não somente nascem de novo, mas se tornam naquilo que C.S.Lewis chama de "Deus" em Cristianismo puro e simples. Infelizmente alguns se tornam demônios, mas outros, e eu espero me incluir aqui, se tornam anjos. Ao nos tornarmos como Cristo, somos levados a pensar no que Ele faria em nosso lugar, na nossa responsabilidade de leva-lo conosco, na nossa luta com o mundo, a carne e o diabo, enfim, na nossa vida, que já não é mais nossa, mas de Cristo. Veja, não quero aqui pregar um transe espiritual, mas um comprometimento de vida. Pra alguns, vai exigir a própria morte, pra outros nem tanto. Essa jornada já foi comparada a uma viagem de barco. Alguns irão enfrentar tempestades que podem até virar o barco e provocar a morte do capitão. Outros, não enfrentarão grandes coisas e a viagem será tranquila. Enfim, cada um de nós terá de perceber isso.

Infelizmente alguns ainda não entenderam o peso de glória que está posto sobre cada um que responde positivamente ao anjo. C.S.Lewis escreveu sobre isto. Eu aconselho a depois que você meditar sobre o que a bíblia diz, veja o artigo The Weight of Glory, ou em português O peso da glória. Para aqueles que estão começando na jornada, apenas iniciem. É necessário um começo. Que seja sincero a sua decisão, porque ninguém aqui está brincando de se tornar religioso ou de ser moralmente aceitável diante da sociedade. Aqui, nós engravidamos e toda nossa vida é levada a mudar de direção. Somo levados a ter dores de parto, até que nasça em nós alguém novo, melhor, livre enfim. Quem já viu Matrix pode perceber isso no nascimento de Neo...Que Cristo não seja, irmãos, apenas nosso amigo ou intercessor, mas parte de nós, de nosso DNA, pois ainda somos humanos. Que ele seja o árbitro do nosso coração, a testemunha fiel de nossa sinceridade de vida e de alma. Amém

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Diário semanal de Lucas 1 versos 31-33

"Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim."

Muito já se falou sobre Ele. Já se disse tudo, desde que ele foi um revolucionário ou o maior homem que viveu sobre a terra, ou que na verdade ele nunca existiu, e, se existiu, não foi em forma humana. Enfim, já disseram muito a respeito de Jesus. Eu não quero trazer novidade aqui, mas preste atenção ao texto, pois tudo o que tenho falado em Lucas é sobre o que ele escreveu. Aliás, se eu quisesse só falar as minhas opiniões, não precisaria recorrer a algum texto. O que tenho feito aqui é uma forma de dizer verdades cristãs em Lucas. Só isso, nada mais.

Olhando o texto, observe que Gabriel está anunciando um plano:
1. Nascerá Jesus
2. Ele será Grande e reinará sobre o trono de Davi (logo, ele é  o messias)
3.Seu trono nunca terá fim

Percebeu? Tudo aquilo que vimos falando no texto de Lucas, sobre nossa fragilidade, nossa dependência, nosso interesse em viver uma vida melhor, em participar de algo maior, está resumido nessa pessoa a quem chamamos de Jesus. Como já se fala muito dele, eu quero por enquanto só chamar a sua atenção a esse plano traçado pelo anjo. Desde os profetas do Antigo Testamento já se falava sobre alguém que nasceria e ocuparia o trono de Davi. Aquele que seria o herdeiro e que libertaria Israel. Mas o que Israel não esperava é que esse reinado não seria como no Antigo Testamento foi: um reino militar. Jesus viria para inaugurar um novo tempo entre Deus e os homens. Uma nova geração de homens e mulheres, a quem C. S. Lewis chama de soldadinhos de chumbo em Cristianismo Puro e Simples, nasceria.

Mas isso, e aqui é o que eu quero chamar atenção, não foi algo que nasceu aleatoriamente. Aliás Deus não faz nada aleatório... Nada é acaso aqui. Olhando para o texto, e esta é uma idéia que depois será desenvolvida em todo Novo Testamento, este é um plano que vem de muito antes. Ou seja, a vinda de Cristo é um planejamento estratégico de Deus. Este plano já havia sido falado bem antes pelos profetas, mas agora ele é uma realidade. Aquilo que hoje experimentamos de já e ainda não, também se experimentou por toda a bíblia. A diferença é que aqui eles iriam ver a história acontecer assim como nós iremos ver um dia o nascer de uma outra história. 

Mas o que o anjo anuncia é o mais importante para Maria: há um plano de Deus e você faz parte dele! Eis a nossa lição de hoje. Já disseram muito sobre Deus tem um plano em cada criatura e eu cresci cantando aquela musica que inicia da mesma maneira. Mas hoje, pelo menos olhando para o texto, eu me sinto tentado a discordar ou pelo menos pensar de uma outra forma. Eu penso que Deus tem um plano que inclui cada criatura, porque tudo o que Deus faz é perfeito. Teologia à parte, temos aqui um Deux ex maquina, isto é, Deus se revelando, tocando a história humana. Sabermos que Deus tem um plano e que isso nos inclui certamente  deve nos fazer ver a vida cristã com outros olhos. 

Mas qual é o plano de Deus? Que Jesus nasça na terra! Veja, não é preciso muita atenção para ver o quão simbólico e ao mesmo tempo próximo de nós este texto está. Jesus tem nascido entre nós? Estamos prontos para pregar Cristo entre os homens? Estamos disponíveis para Deus? No verso anterior comentamos que esta é uma escolha de Deus, mas aqui de certa forma ele pede nossa participação. É por isso que ele nos inclui, porque somos nós os realizadores de seu plano. Primeiro, a salvação nasce em nós, depois somos nós que trazemos e pregamos a salvação. Somos cada um um pouquinho de Cristo andando sobre a terra. E ai, compreendemos melhor a pergunta que Maria faz no próximo verso: mas como será isto? Ora, não pergunte isso agora. Deixemos para o próximo comentário. Por enquanto, resta saber que Deus tem um plano: Ele quer que Jesus nasça em você! 

Tem mais: Cristo nascendo em nós nos trará não só um homem, mas todo um reino para perto de nós, para dentro de nós! Esta é uma verdade cara, pois muito são os que hoje vendem o reino dos céus. Foi assim na Idade Média, foi assim na Reforma e ainda é hoje. Não nos deixemos enganar! O plano, o Reino de Deus começa dentro de nós! É um plano de dentro para fora e muito, muito individual. É uma revolução em nossas vidas que não precisa de intermediários. É algo fantástico, mas caro, também, porque são muitos os que não querem encarar o caminho e se rendem aos que querem lucrar com isso (se você seguiu meu raciocínio, certamente pensou no consumismo, ou na TV, ou em outra área no qual querem te prender)...Assim como existem muitos que desistem de estudar, desistem de trabalhar (em todo bom sentido dessa palavra), desistem, enfim, de viver. De todo modo, ou pagamos por estar Reino de Deus, ou pagamos por permanecer fora dele. A diferença é que no Reino ganhamos a - muito cara hoje em dia - liberdade. Eu prefiro as conseqüências de estar com Ele. Resta agora a nossa resposta, nossa disposição, nosso Amem. Assim como Maria, recebamos como mulher, como fêmea, como naquela música: Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá; tua alma viverá, teu espírito renovará e no teu corpo tudo novo se fará. Amém!

domingo, 10 de abril de 2011

Diário Semanal de Lucas 1 versos 29-30

"Ela, porém, ao ouvir esta palavra, perturbou-se muito e pôs-se a pensar no que significaria esta saudação. Mas o anjo lhe disse: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus."

E eis aqui a nossa história. Não é de estranhar que Maria tenha se perturbado e não tenha entendido nada. Eu penso nos milhares que nada tem além de alguém neste mundo, naqueles que vivem uma vida simples, sem luxo nem lixo. Apenas vivem. Eu penso em mim mesmo e na minha vida pacata, sem muitas histórias extraordinárias pra contar. Mesmo esse blog: quem é que hoje tira um tempo pra ler e entender alguma coisa de alguém que nunca viu ou só conheceu alguma vez ou outra? Como diz um ditado americano: Live toghether, Die alone....Mas é justamente por isso. Aguardamos algo, esperamos algo que não se vê, mas que um dia se desvelará diante de nós. Alguns vêem cedo, outros mais tarde, mas no final das contas, todos verão.

Afinal, para que serve nossa vida? Nesta semana, muita gente se perguntou isso. Assistimos aterrorizados a notícia de um menino de 23 anos que assassinou friamente mais de 10 crianças em uma escola. Mas apesar de todos os males, mesmo quando parece que sombras de morte nos cercam, lá no fundo temos a esperança de que nossa vida sirva para algo maior. Eu, por exemplo, com este blog, se eu puder ajudar alguém a enxergar na palavra de Deus um guia, uma luz para seu caminho, ficarei satisfeito. Mas mesmo que não, que ninguém curta estes comentários, eu quero ter a sensação do dever cumprido, de que fiz o que estava a meu alcance enquanto estive por aqui. Pode ser que eu nunca conclua, mas tenho a esperança que vou conseguir. É por isso que continuo os estudos, que continuo estudando piano, que continuo vivendo. Certamente você sabe do que estou falando.

Certamente Maria sabe também. Neste texto, ela se assusta com um anjo, pois sabia que este momento era algo crucial em sua vida. E mesmo quando o anjo proclama uma boa notícia, ela fica pensando, ao meu ver, se é boa ou não esta notícia. Afinal, o que as pessoas vão achar disto? será que estou louca? o que o anjo quer dizer com agraciada? Certamente muita coisa passou por sua mente e é aqui que eu vejo um ponto importante na fé cristã: Não importa onde estamos, como vivemos, o que fazemos de bom ou ruim: Deus tem sempre uma boa notícia para nos dar. Esta é uma mensagem crucial da fé cristã. Deus não é aquele que procura estragar nossa festa. Ele não é o ancião que está pronto a nos dar umas palmadas, ou um juiz pronto a nos julgar. É certo que ele é juiz, mas também misericordioso e compassivo e bondoso para conosco. A mensagem de Lucas, ao iniciar a narrativa de Cristo com a escolha de Maria certamente nos faz ver isso: maior é sua bondade que sua justiça. Para começar, se Maria fosse tratada como ela merecia ser tratada por Deus, ela nunca iria ser escolhida, assim como nenhuma outra pessoa seria escolhida. Somos todos injustos, orgulhosos e gananciosos pelas nossas próprias causas e não merecemos nada de Deus. Ele dá porque Ele é bom, mesmo que no primeiro instante duvidemos disto, como Maria o fez. E essa é a boa notícia do evangelho já anunciado aqui por Lucas: Deus é, maior que tudo, bom, e se importa conosco. Vocês conhecem o verso: Deus é amor! sua bondade é apenas uma faceta de seu  ser...

Relacionando esse texto com nossa vida cristã diária, certamente podemos viver nossa vida sem esse stress que se prega tanto por ai sobre o julgamento de Deus, sobre o Olho que tudo vê, que passeia os olhos sobre a terra. Irmãos, vamos enxergar esse fato e viver melhor: Deus é bom, ama o homem e é por isso que ele interfere em nossa vida e nos diz coisas bonitas! Você poderia contar quantas vezes Deus nos livrou? Quantas vezes ele nos guiou, nos consolou, nos animou, nos alegrou? Algumas daquelas crianças não mais sabem disso e é verdade. Mas está aí mais uma razão para darmos o valor devido a nossa vida. Mesmo que Deus não nos poupe, somos eternamente gratos a Ele por não nos tratar como nós merecemos, por ser tão bondoso conosco. Maria não sabia, mas sua vida estava prestes a dar uma guinada maior que sua imaginação. É assim conosco também, não?. Foi quando Deus foi ao nosso encontro que nossa vida mudou. Não fizemos nada, apenas fomos humanos bastante para ver que não merecíamos, mas que fomos agraciados.

Acho que é mais uma lição para nossa vida diária: agradeçamos a Deus por nos encontrar e mudar a nossa vida previsível. Agradeçamos a Ele por dar um sentido maior à nossa existência aqui neste planeta. Somos felizardos, e sabemos disso. Valorizemos então, cada instante, cada minuto que nos resta aqui. Não sabemos quando vamos, mas iremos um dia, seja cedo ou tarde. Em nossa caminhada cristã, enxerguemos além. Somos mais que vencedores porque Deus quis que fosse assim! É por isso que no início desta postagem eu falei que essa era nossa história. Todos nós recebemos essa notícia um dia. Todos recebemos sua visita.  Todos fomos surpreendidos! Amém!

domingo, 3 de abril de 2011

Diário semanal de Lucas 1 versos 26-28

"No sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado, da parte de Deus, para uma cidade da Galiléia chamada Nazaré, a uma virgem desposada com certo homem da casa de Davi, cujo nome era José; a virgem se chamava Maria. E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Alegra-te, muito favorecida! O senhor é contigo"

Lucas ainda não começa o relato do nascimento do messias, mas ele já dá uma introdução.Ele ainda irá relacionar os dois personagens relatados aqui com Isabel e Zacarias antes de entrar no messias propriamente. Bom, temos aqui uma breve introdução sobre o nascimento de Cristo e algo que me chama a atenção é que Deus envia Gabriel para falar diretamente com Maria. Se no caso de Isabel e Zacarias Deus enviou seu anjo para Zacarias, agora ele vai diretamente a Maria. É que a notícia em questão é muito mais feminina. No caso de Maria, ela iria conceber ao próprio Messias pelo Espírito Santo. Podemos indagar se não teria sido melhor falar antes com José, mas aqui Maria é a agraciada com a benção de ter sido escolhida para dar a luz ao Messias. No caso de Zacarias, é sua casa, como um todo, é que é favorecida. Outra coisa é que Zacarias já era casado com Isabel. José e Maria não. Ainda um outro ponto é que talvez José não estivesse preparado, assim como ocorreu, porque ele duvidou da história de gravidez sem contato físico (Deus teve de intervir em sonho). 

Mais o que mais chama a minha atenção e é que Deus escolhe Maria, numa cidadezinha chamada Nazaré. Nesse tempo, Maria é um nome muito, muito comum. Nazaré é uma vila de pescadores e Galiléia é uma região pobre. Temos então aqui um povo pobre, dentro de uma região esquecida e vivendo uma vida previsível. Não parece muito a nossa? Como se diz, Deus escolhe os que não são para confundir os que são. Na verdade, todos nós, ricos ou pobres, temos essa vida previsível, mas Deus fez questão que Cristo nascesse entre os pobres. Talvez porque fosse com eles que ele iria mais se envolver, ou para que ele sofresse o que deveria sofrer e assim conhecer melhor os tantos que estão sem esperança por ai. A verdade é que Deus nos faz perceber que seu reino, prestes a ser inaugurado, está mais perto de nós do que nós imaginamos. Os próprios pais do Rei não são autoridades religiosas. Mas existe ainda uma outra razão: os pobres são abertos às ações de Deus. Os ricos tem mais dificuldade, justamente porque a riqueza traz consigo preocupações e tentações perigosas. Os pobres não. Os pobres necessitam de ajuda, os ricos acham que não precisam. Pensando nisso, impossível nosso rei nascer em berço de ouro. Afinal ele veio para os que precisam de médico não é verdade? Minha conclusão aqui é que o reino de Deus é um reino muito especial, onde pessoas sem nada podem ter tudo porque podem ter o principal. Jesus não nasceu em berço de ouro não só pra cumprir as profecias. Os pobres são pessoas sinceras, nada tem a esconder e vivem uma vida difícil. São como ovelhas sem pastor, como disse Jesus uma vez. Pessoas necessitadas, meu irmão, são livros abertos em que tudo pode ser escrito. São pessoas que procuram dar um outro sentido às suas vidas porque simplesmente elas não são aceitas na "alta sociedade". E eu digo isso porque já vivi entre pessoas de toda classe social e fui mais feliz entre aqueles de baixa renda. Mas que fique bem claro que eu não prego a pobreza. A decisão aqui é onde Jesus iria nascer e com certeza, não era entre os ricos da época. 

Pra mim, Lucas queria lembrar isso. O fato de vivermos onde vivermos não nos faz mais ou menos importantes no reino de Cristo. Observe que no verso 28 o que o anjo diz a Maria. Achar graça diante de Deus não tem nada a ver com riquezas nem com berço de ouro e nem com nossas vidas. Tem a ver com a escolha de Deus. Graça é dom gratuito. Não fazemos nada pra ganhá-la nem a merecemos. Maria não era sem pecado, como querem alguns, mas era como eu e você e nisso repousa a graça de Deus: Ele interfere na vida de pessoas comuns, que nada sabem, que estão entre a multidão, esquecidos numa região qualquer, para mostrar que Ele está perto, está agindo e está observando os homens, sejam eles quem for.
Por isso, alegremo-nos nisso. Seja onde você estiver nesse mundo real ou virtual, saiba que Deus está perto! Sim, seus olhos percorrem toda a terra e observa os bons e os maus, seja aonde estiverem e como estiverem. Amém!

quinta-feira, 31 de março de 2011

Diário Semanal de Lucas 1 versos 24-25

"Passados esses dias, Isabel, sua mulher, concebeu e ocultou-se por cinco meses, dizendo: assim me fez o Senhor, contemplando-me, para anular o meu opróbrio entre os homens."

E eis-me aqui novamente para continuar meu diário de Lucas. Durante estes tempos de diário semanal estive observando alguns valores pra nossa vida cristã. A cada dia que passa, percebo o quanto ela é importante e é por isso que volto aqui. Estes dois versos finalizam o prólogo da história do nascimento de Cristo, o personagem mais importante deste diário, que ainda não apareceu. Pois bem, perceba que ao finalizar, Lucas menciona Isabel em grande alegria. E é interessante porque o nosso final também será assim, alegre e feliz. Vimos o quanto ela pediu por esse filho e aqui nós temos finalmente esta grande alegria sendo usada para fechar esta parte do livro. Lucas irá justamente pegar o desfecho desta história para iniciar a de Cristo, o que  ele jamais poderia começar sem antes terminar as angústias que descreveu inicialmente. 

De certa forma, este prólogo é um resumo da história destes dois personagens e ao mesmo tempo o resumo da nossa história. Ela não acaba aqui ou nos próximos cinco meses e ela faz parte de algo maior. Saberia ela que João Batista seria o maior entre homens, segundo Jesus? Saberia ela o quanto ele seria importante pro ministério do messias? Certamente não. A lição que eu quero tirar hoje daqui é que também não sabemos o quão valiosa é nossa história. Já disseram isso dos professores, que entram para a eternidade, mas podemos dizer isto de todos nós e principalmente de nós, cristãos neste mundo. Trazemos paz, mudamos vidas, damos luz, salgamos, enfim, aquilo que é, naturalmente, insosso. Não vamos nos auto-condenar aqui. Não somos este tipo. Estamos aqui pra dar nosso melhor. Tenho certeza que Isabel sentiu isso também. Deus sempre anula o nosso opróbrio entre os homens, seja nessa vida ou não. Digo isto porque há muitos cristãos que morrem sendo motivo de riso para os impios, mas eles, os cristãos, ainda sorrirão por último, lá na glória.  E é isso que quero destacar também. O final, a glória, é sempre algo a se lembrar em nossa vida. Podemos estar hoje, como eu estou, passando o maior sufoco, mas ainda sorriremos novamente e daremos o riso final no final de nossas vidas. Pelo menos eu quero isso e vou lutar para que no fim eu baixe minha cabeça em sinal de respeito e não em sinal de vergonha.

Assistimos ultimamente a perda de nosso ex-vice presidente José Alencar. E ele disse algo que ficou: não tenho medo da morte. tenho medo da vergonha! Eu quero repetir isso também. Vamos erguer nossas cabeças irmãos. É necessário coragem na vida cristã. Pensem no final. Está ai mais um ingrediente apimentado pro prato nosso de cada dia. Amém!

sexta-feira, 25 de março de 2011

Ode to the West Wind

I

O wild West Wind, thou breath of Autumn's being,
Thou, from whose unseen presence the leaves dead
Are driven, like ghosts from an enchanter fleeing,
Yellow, and black, and pale, and hectic red,
Pestilence-stricken multitudes: O Thou,
Who chariotest to their dark wintry bed
The winged seeds, where they lie cold and low,
Each like a corpse within its grave, until
Thine azure sister of the Spring shall blow
Her clarion o'er the dreaming earth, and fill
(Driving sweet buds like flocks to feed in air)
With living hues and odours plain and hill:
Wild Spirit, which art moving everywhere;
Destroyer and Preserver; hear, O hear!

II

Thou on whose stream, 'mid the steep sky's commotion,
Loose clouds like Earth's decaying leaves are shed,
Shook from the tangled boughs of Heaven and Ocean,
Angels of rain and lightning: there are spread
On the blue surface of thine aery surge,
Like the bright hair uplifted from the head
Of some fierce Maenad, even from the dim verge
Of the horizon to the zenith's height,
The locks of the approaching storm. Thou Dirge
Of the dying year, to which this closing night
Will be the dome of a vast sepulchre,
Vaulted with all thy congregated might
Of vapours, from whose solid atmosphere
Black rain and fire and hail will burst: O hear!

III

Thou who didst waken from his summer dreams
The blue Mediterranean, where he lay,
Lulled by the coil of his chrystalline streams,
Beside a pumice isle in Baiae's bay,
And saw in sleep old palaces and towers
Quivering within the wave's intenser day,
All overgrown with azure moss and flowers
So sweet, the sense faints picturing them! Thou
For whose path the Atlantic's level powers
Cleave themselves into chasms, while far below
The sea-blooms and the oozy woods which wear
The sapless foliage of the ocean, know
Thy voice, and suddenly grow grey with fear,
And tremble and despoil themselves: O hear!

IV

If I were a dead leaf thou mightest bear;
If I were a swift cloud to fly with thee;
A wave to pant beneath thy power, and share
The impulse of thy strength, only less free
Than thou, O Uncontrollable! If even
I were as in my boyhood, and could be
The comrade of thy wanderings over Heaven,
As then, when to outstrip thy skiey speed
Scarce seemed a vision; I would ne'er have striven
As thus with thee in prayer in my sore need.
Oh! lift me as a wave, a leaf, a cloud!
I fall upon the thorns of life! I bleed!
A heavy weight of hours has chained and bowed
One too like thee: tameless, and swift, and proud.

V

Make me thy lyre, even as the forest is:
What if my leaves are falling like its own!
The tumult of thy mighty harmonies
Will take from both a deep, autumnal tone,
Sweet though in sadness. Be thou, Spirit fierce,
My spirit! Be thou me, impetuous one!
Drive my dead thoughts over the universe
Like withered leaves to quicken a new birth!
And, by the incantation of this verse,
Scatter, as from an unextinguished hearth
Ashes and sparks, my words among mankind!
Be through my lips to unawakened Earth
The trumpet of a prophecy! O Wind,
If Winter comes, can Spring be far behind?

Percy Bysshe Shelley

Leave me, O love


Leave me, O love which reachest but to dust ; 
And thou, my mind, aspire to higher things ; 
Grow rich in that which never taketh rust, 
Whatever fades but fading pleasure brings. 
Draw in thy beams, and humble all thy might 
To that sweet yoke where lasting freedoms be ; 
Which breaks the clouds and opens forth the light, 
That doth both shine and give us sight to see. 
O take fast hold ;  let that light be thy guide 
In this small course which birth draws out to death, 
And think how evil becometh him to slide, 
Who seeketh heav'n, and comes of heav'nly breath. 
    Then farewell, world ;  thy uttermost I see ; 
    Eternal Love, maintain thy life in me.



                                                                                                  Sir Philip Sidney

quinta-feira, 17 de março de 2011

The Castaway

Obscurest night involv'ed the sky,
Th' Atlantic billows roar'd,
When such a destin'd wretch as I,
Wash'd headlong from on board,
Of friends, of hope, of all bereft,
His floating home for ever left.

No braver chief could Albion boast
Than he with whom he went,
Nor ever ship left Albion's coast,
With warmer wishes sent.
He lov'd them both, but both in vain,
Nor him beheld, nor her again.

Not long beneath the whelming brine,
Expert to swim, he lay;
Nor soon he felt his strength decline,
Or courage die away;
But wag'd with death a lasting strife,
Supported by despair of life.

He shouted: nor his friends had fail'd
To check the vessel's course,
But so the furious blast prevail'd,
That, pitiless perforce,
They left their outcast mate behind,
And scudded still before the wind.

Some succour yet they could afford;
And, such as storms allow,
The cask, the coop, the floated cord,
Delay'd not to bestow.
But he (they knew) nor ship, nor shore,
Whate'er they gave, should visit more.

Nor, cruel as it seem'd, could he
Their haste himself condemn,
Aware that flight, in such a sea,
Alone could rescue them;
Yet bitter felt it still to die
Deserted, and his friends so nigh.

He long survives, who lives an hour
In ocean, self-upheld;
And so long he, with unspent pow'r,
His destiny repell'd;
And ever, as the minutes flew,
Entreated help, or cried--Adieu!

At length, his transient respite past,
His comrades, who before
Had heard his voice in ev'ry blast,
Could catch the sound no more.
For then, by toil subdued, he drank
The stifling wave, and then he sank.

No poet wept him: but the page
Of narrative sincere;
That tells his name, his worth, his age,
Is wet with Anson's tear.
And tears by bards or heroes shed
Alike immortalize the dead.

I therefore purpose not, or dream,
Descanting on his fate,
To give the melancholy theme
A more enduring date:
But misery still delights to trace
Its semblance in another's case.

No voice divine the storm allay'd,
No light propitious shone;
When, snatch'd from all effectual aid,
We perish'd, each alone:
But I beneath a rougher sea,
And whelm'd in deeper gulfs than he.

William Cooper

terça-feira, 15 de março de 2011

A estrela

Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.

Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alto luzia?

E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.
                                                                                              Manuel Bandeira

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

o ÚLTIMO iMPERADOR

Acabo de assistir o filme de Bernardo Bertoluci: O Último Imperador...
O filme que ganhou todos os oscars que disputou (9) também entra pra minha galeria de filmes pra se ver novamente. Já disseram que os clássicos são aqueles que queremos reencontrar, reler, tocar novamente, ver novamente, etc....Eu diria hoje que um clássico é como uma máquina do tempo: te transporta pra outro mundo por alguns instantes ou horas...nós não retornamos do mesmo jeito. Impossível não acompanhar a história do filme de forma fria: não somos assim!Não somos racionais! Somos humanos, olhamos para tudo e vemos mais que simples objetos ou interpretações ou músicas. Somos cheios de sentimentos, não de números ou equações. Há tanto dentro de nós e todos sabemos disso. Alguns não falam, outros não vêem a necessidade, mas todos passamos e lembramos do que verdadeiramente importa. O último Imperador é baseado na história real do Último imperador coroado da China e recomendo: vale as quase três horas de filme. Eu, como artista, não posso deixar aqui minha gratidão a pessoas como Bertoluci, ou pessoas como Brahms, Rachmaninoff, e, voltando ao cinema, Kazan, Ridley Scott, ou mesmo aos bíblicos, tais como Spurgeon ou Stott ou C.S. Lewis. Não há como passar pela vida e não aprender um pouco com eles: seria muito egoísmo....não há como assistir, por exemplo, o primeiro capítulo de Lost, ver Kate clamando por Jack em meio ao caos e não perceber, não enxergar toda a nossa fragilidade alí. Não há como ouvir a interpretação de Glenn Gould do intermezzo op. 118 n. 2 de Brahms, ou a de Horowitz nas Cenas Infantis, de Schumann,  e não parar o pensamento...Há tanto para lembrar...
Nesse ano que começa pra mim hoje, logo depois de ver esse filme, eu gostaria de agradecer. Como alguém poderia pensar a vida sem arte? Deus certamente não.... a Ele sim, Ele sim, minha eterna gratidão!