domingo, 28 de agosto de 2011

Diário semanal de Lucas 1 versos 36-38


"E Isabel, tua parenta, igualmente concebeu um filho na sua velhice, sendo este já o sexto mês para aquela que diziam ser estéril. Porque para Deus não haverá impossíveis em todas as suas promessas. Então, disse Maria: Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra. E o anjo se ausentou dela."

Lucas está terminando aqui uma parte do texto. Eu quero destacar dois pontos:

Primeiro, o fato de Deus escolher a mim e a você para fazer uma obra aqui na terra, em nós e através de nós, como vimos nos versos anteriores, isto não nos deve nos levar a outra perspectiva (no mau sentido). Explicando melhor, eu percebo uma preocupação aqui. Não somos maiores que ninguém e o fato de Gabriel falar a Maria sobre a gravidez de Isabel é, também, uma exortação. Uma exortação de que Deus está fazendo aquilo que Ele quer, também em e com outras pessoas. É certo que somos especiais, mas não melhores ou piores que ninguém. A graça é de Deus, não nossa. Isso é importante hoje porque o que vemos são cristãos exigindo que Deus faça isso e aquilo... Fujamos disso.

E aí, então, há uma conclusão: Porque não há impossíveis nas promessas de Deus. É interessante este ponto. Gabriel está falando de Isabel aqui. Lembra que foi com ela e Zacarias que Lucas abriu o relato de sua versão sobre a história de Cristo? Ela, que não “poderia” engravidar, engravidou, para a admiração e inveja de muitos... A conclusão de Gabriel talvez seja a parte mais importante até aqui da nossa história. Levando este ponto para nossa vida cristã, é isso mesmo que acontece. Temos, nestes comentários a Lucas, tentado levar à prática algumas verdades que precisam ser consideradas. Eis aqui mais uma.

Não importa o que aconteça. Não importa se a viajem será longa, apertada, difícil, suada. Não há impossíveis para Deus. Isso é tão reconfortante como instigante: Deux ex machina! Assim como no teatro grego, Deus vem aqui na terra para resolver as pontas soltas de nossa história. Na prática, um exemplo serve: dizem que Spurgeon, o famoso pregador do séc. 19, antes de se tornar cristão, vivia triste porque não conseguia superar seus pecados, até que um dia entendeu que no relato do chamado dos discípulos, não havia imposições do Mestre. É uma passagem de ida, um convite sem encargos, sem complicações sociais, sem regras de vestimenta. Como costumam dizer, é um “venha como estás”. O que Spurgeon não entendia é justamente isto: Deus chama pecadores natos, que, usados por ele, surpreendem o mundo. Logo, esta história de que “não sou digno” não serve. Não há desculpas perante Deus. Paremos de autocomiseração e façamos como Maria: aqui está um servo do Senhor. Que se cumpra em mim sua palavra.

Percebeu agora? A preocupação de Gabriel é com duas coisas: uma, nada de se achar especial demais; outra, nada de se achar inapto demais. A única coisa que devemos dizer é o que sempre foi dito por homens que se encontraram com Deus: Moisés na sarça ardente, Isaías no templo, Maria com o anjo: Eis-me aqui. Deixemos que do resto Deus se encarregue. Por último, o anjo se ausenta. Retornamos então à prática do dia-a-dia, à realidade, mas voltemos diferente. Olhemos para frente, com olhos decididos, e corramos nossa carreira proposta... Amém. 

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