sexta-feira, 30 de abril de 2010

Diário semanal de Lucas 1 versos 12 ao 14

"Ao vê-lo, Zacarias se perturbou e teve medo. Mas o anjo lhe disse: não tenhas medo, Zacarias, porque foi ouvida tua oração. Isabel, tua mulher, vai te dar um filho a quem darás o nome de João. Ficarás alegre e muito feliz e muitos se alegrarão com seu nascimento."


Das lágrimas à alegria. Pra mim, sintetiza muito bem esse pequeno trecho de Lucas. Temos muitas emoções ocorrendo aqui e eu queria dar atenção hoje a duas. Primeiro o medo de Zacarias. Nesses tempos eu tenho aprendido que Deus não nos deixa confortáveis em matéria de emoção. Aliás o desconforto é próprio do cristianismo. Há sempre tribulações, lutas, perseguições, problemas familiares, conjugais, espirituais, etc. Há sempre inquietações. Alguém mesmo já disse que nossa paz é uma paz inquieta. Certamente Zacarias derramou muitas lágrimas por sua mulher, por um filho, antes de chegar neste ponto. Sim, Deus não o poupou disso. E é certo que Ele também não nos poupa. Porque no mundo tereis aflições, disse Jesus certa vez. Quantas vezes não choramos tanto ou até mesmo acordamos em meio a lágrimas. Essa é uma razão que me fez um apaixonado pelo cinema. Somos você e eu alí. Somos nós como seres humanos a cada take. Acho que justamente por isso Deus não nos poupa dos problemas e das lágrimas: são eles que nos levam a dobrar os joelhos e a reconhecermos que precisamos tanto dEle. Zacarias teve medo aqui. Mas  certamente não um medo comum. Em Lost, no episódio piloto, quando Kate costura o ferimento de Jack, ele conta para ela a respeito de uma cirurgia em que estava operando a coluna de uma adolescente quando de repente cometeu um erro grave. Jack então diz a Kate: O medo era tão real! Outro exemplo: lembra do velho testamento quando o povo implorou a Moisés que somente ele tratasse com Deus por causa do medo que forte presença do Todo poderoso causou? É basicamente esse medo que Zacarias sente aqui. Mais que um medo natural, é um medo do sobrenatural, do desconhecido, do que está além da compreensão humana.

Já que estamos abordando a vida e a jornada cristã desde o primeiro verso de Lucas,  o primeiro ponto que acho relevante é justamente esse: Algumas vezes em nossa jornada nos depararemos com essa força, esse explendor que impõe por si só um respeito. Veja, isso é um tipo de situação que enfrentamos em nossa jornada, causada pelo próprio Deus para nos dar um vislumbre daquilo que será. O caminho cristão não é monótono, mas cheio de emoções fortes, que realmente abalam nossa estrutura de seres humanos. Acredite, Deus é sempre capaz de nos fazer tremer de medo de vez em quando... 

Mas eu não gostaria de parar por aqui. O anjo continua e aí nós enxugamos nossas lágrimas mais uma vez. Os céus se abrem diante de nossos olhos e vemos terra à vista depois de tanto tempo na tempestade. Quantas vezes não acordamos chorando não é? Mas também podemos chorar de felicidade, não? Se você já experimentou essa sensação sabe que é indescritível. O anjo nos aponta para a alegria não para uma conjectura. Observe a ênfase: ficarás alegre e muito feliz e muitos se alegrarão...

Quando preguei em Ap. 21.1 eu fiz essa pergunta que não quer calar quando iniciamos uma jornada cristã: você realmente acha que Deus não é capaz de nos fazer feliz? Se Ele ao próprio filho não poupou, também não nos daria a felicidade? Certamente que sim. Aliás Ele é o único capaz disso.  Claro que a felicidade cristã não é algo. Não fomos chamados para sermos felizes, como disse C.S.lewis. A felicidade é como se vai, já disse outro alguém. Certamente Deus é capaz de nos surpreender, de fazer mais daquilo que pedimos ou pensamos, de nos dar vida plena em meio a tantas emoções intensas e de nos completar inteiramente. Sim, Deus não é carrasco. Quantas vezes pensamos assim, mas somos nós mesmos que causamos nosso mal. Somos nós os que trememos de medo da morte por que sabemos quem somos e de quanto precisamos dele naquela hora. Quantas vezes eu me peguei chamando Deus de carrasco. Quantas vezes eu o perguntei se era isso que Ele queria. Não, Deus não sorriu quando a pequena Isabella caiu do sexto andar naquela fatídica noite. Não Blake, Deus não sorri quando vê o Leão estraçalhar a ovelha....

Há muitas perguntas sem resposta aqui, mas uma coisa é certa: há alegria no final. E não só a nossa. A de muitos. Voltaremos ao lar, chegaremos ao porto seguro um dia. Como diz aquela música: ao ouvir a sua meiga voz, minh'alma acordará em suas mãos...amém.

sábado, 24 de abril de 2010

Ode on solitude


    • Happy the man whose wish and care
    • A few paternal acres bound,
    • Content to breathe his native air
    • In his own ground.
    • Whose herds with milk, whose fields with bread,
    • Whose flocks supply him with attire,
    • Whose trees in summer yield him shade,
    • In winter fire.
    • Bless’d who can unconcern’dly find
    • Hours, days, and years slide soft away,
    • In health of body, peace of mind,
    • Quiet by day;
    • Sound sleep by night: study and ease
    • Together mix’d; sweet recreation;
    • And innocence, which most does please,
    • With meditation.
    • Thus let me live, unseen, unknown,
    • Thus unlamented let me die;
    • Steal from the world, and not a stone
    • Tell where I lie.
  •    Alexander Pope, aos 12 anos. ano 1700.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Cyndi Lauper - Time After Time

Michael Jackson - Thriller

Michael Jackson - Billie Jean

domingo, 18 de abril de 2010

Diário semanal de Lucas 1 versos 8 ao 11

"No exercício de suas funções sacerdotais diante de Deus, na ordem de sua turma, coube-lhe por sorte, segundo o costume entre os sacerdotes, entrar no santuário do Senhor para oferecer o incenso. Toda multidão do povo estava orando do lado de fora enquanto se oferecia o incenso. Então apareceu-lhe um anjo do Senhor, de pé, à direita do altar do incenso."

Primeiro, pra mim, é impossível separar o verso 11 dos outros três. Por isso, incluí ele aqui. O primeiro ponto óbvio do texto é que Deus conhece nossa vida e está presente, com anjo ou sem anjo. Não somos pessoas isoladas, largadas no mundo como ensinam alguns, mas profundamente marcadas e alteradas, se assim posso dizer, por essa pessoa tão singular a quem chamamos de Deus.É profundamente alentador o fato do criador não abandonar sua criação. Teófilo com certeza pensou nisso ao ler esse pequeno trecho. 

Bom, na entrada do anjo, fica claro que Lucas não quer dar um clima de surpresa. O texto fala simplesmente que: E então apareceu-lhe o anjo do Senhor...o anjo não quer dar um susto a Zacarias, nem lucas quer nos assustar também. Pra mim, isso indica que o anjo estava alí há tempo, como uma presença preciosa e ao mesmo tempo tão singular, embora afastada de Deus ( o anjo é representante dele). E aqui, no segundo ponto, Deus não é aquele procurando ver alguém alegre pra acabar com a alegria, como um menino disse certa vez, de acordo com C.S.Lewis. Mas é alguém que participa, que está presente, que conhece nossas orações, como mais tarde Zacarias iria saber. Deus é aquele que conhece inteiramente nossa caminhada;nossos sonhos e fracassos, desejos e impossibilidades. Ele sabe tudo e mais um pouco...algo interessante que completa ainda mais essa interpretação é que o anjo aparece à direita do altar do incenso. Não sei você, mas eu imagino adorando a Deus com um teclado na igreja e de repente Ele aparece na minha frente. O propósito é justamente  isso. Mostrar que sua presença é real, que não adoramos a alguém imaginário. ou ausente No caso de Zacarias, que também ele não orava a alguma força indiferente. Sim, Deus não é indiferente! Nossa, que bom saber disso! Não somente Deus está presente, mas Ele também se importa conosco, se importa em mostrar que nosso trabalho não é vão. Veja que Zacarias estava cumprindo suas funções no reino. Ele não estava em algum show de adoração para pedir respostas, até por que não tinha isso naquele tempo, graças a Deus. Como eu falei no comentário anterior, ele estava trabalhando, dando duro e indo em frente! Isso sim, faz diferença Existe até um ditado que diz que Deus não chama desocupados! Isso é verdade. tem muita gente colocando o carro na frente dos bois, mas isto nós já comentamos. o que quero destacar é que Zacarias não precisou disso. O anjo iria lhe falar estando ele com sorte ou não. Lembre-se que para José, um sonho bastou. 

Mas ainda há um terceiro ponto. Percebeu que Lucas destaca o fato da multidão estar do lado de fora? Pra mim, ele não quer desprezar o povo, como se eles não fossem participantes do projeto de Deus. Ao contrário! Pra mim, ele menciona o povo de propósito justamente para destacar o aspecto pessoal do relacionamento que todo cristão tem com seu Deus. Até porque mais tarde a multidão saberia que Zacarias tivera uma visão! Veja, ela, a multidão, não fica de fora!Aliás, Deus nunca deixou a multidão de fora. Desde o V.Testamento o Santíssimo fala por meio de profetas ao povo. Ainda mais agora com Cristo. O recado é para toda a humanidade. Seja você e eu um conhecido sacerdote com alguns privilégios ou apenas mais um na multidão. Deus está presente tanto individualmente como engloba em seus planos o coletivamente. Veja como é o cristianismo que Lucas quer ensinar a Teófilo! Podemos sempre contar com nosso pai, mesmo que não vejamos sua mão ou sintamos seu poder. Ele está presente, nos ajudando, se importando e mudando as nossas vidas para sempre!Amém!

domingo, 11 de abril de 2010

Diário semanal de Lucas 1 versos 5-7

"No tempo do Rei Herodes, Rei da Judéia, havia um sacerdote chamado Zacarias, da turma de Abias. Sua mulher, descendente de Aarão, chamava-se Isabel (no original e no inglês, Elisabete) Ambos eram justos diante de Deus e viviam irrepreensíveis em todos os mandamentos e ordens do Senhor. Mas não tinham filhos, pois Isabel  era estéril e ambos eram de idade avançada"

Sempre esta palavra. Sempre ela aparece em qualquer história humana.. O antigo Testamento está cheio dela. Deus cria o homem mas ele peca. O homem tenta chegar até o céu mas é confundido e espalhado pela variedade de línguas. Ló consegue escapar do castigo de Deus a Sodoma mas sua esposa não. Davi foi um homem segundo o coração de Deus mas mandou para a morte o marido da mulher que ele queria. E assim eu poderia falar horas e horas sobre estes mas que todos nós enfrentamos ou causamos. Pra mim o termo kai foi muito bem traduzido por mas aqui. Porém poderíamos dizer: E não tinham filhos...

Pois bem, Lucas introduz dois personagens para contar sua história de Cristo e é interessante ver como ele difere dos outros evangelhos no início da narrativa. Os três outros começam já falando da história de Cristo. Mateus de sua descendência, João de que ele era o verbo, Marcos com o cumprimento da profecia de Isaías. Mas Lucas começa com esses dois personagens. Responda rápido: são eles importantes pra você? Vamos ver. Lucas parece falar de dois personagens que vivem num conto de fadas - Zacarias era sacerdote, pessoa importante. Isabel, descendente do próprio Aarão do V.Testamento. Para completar, ambos eram justos diante de Deus. Parece perfeito, mas não é. Algo importantíssimo estava faltando. Aliás, algo sempre falta...eles não tinham filhos e eram avançados na idade. Sabe, pra mim é interessantíssimo o fato da bíblia dar destaque à incapacidade do homem, de tantas frustrações, de histórias puramente humanas, onde vemos claramente vidas tão frágeis, que lutam mas que precisam da intervenção de Deus. Pegue qualquer tempo da história humana e você verá que sempre Deus agiu. Aqui não vai ser diferente. Mas antes, temos esta situação aparentemente sem solução. Não é à toa que Zacarias duvidaria que seria pai. Eram velhos! Não existia UTI nem cesariana para diminuir o risco da gravidez de Isabel. Não havia aparelhos médicos. A própria medicina estava apenas engatinhando. Lucas trata logo de dizer isso porque logicamente ele não está contando um conto de fadas aqui mas uma história humana, real. Não temos sonhos fúteis, mas primordiais (não ter filhos na sociedade da época era terrível para uma mulher como Isabel, descendente do Aarão). Ah, um filho era muito importante para eles, com certeza, mas estavam velhos e por que arriscar a vida de Isabel agora, na velhice? Também não temos pessoas ricas aqui. Só Herodes, que depois ficaria conhecido por sua loucura. Não vemos nada fantasioso ou grandioso no começo desta história. Não temos estrelinhas no céu guiando, ou anjos falando. Não, não ainda. Percebeu?. Lucas parece preparar a história, a chegada do messias, a intervenção divina e o leitor com dois personagens humildes. Sim, gente humilde, como aquela antiga canção da MPB. Lucas dá destaque à vida espiritual deles, mas quero dar destaque hoje à parte física, humana. Eu faço questão de entrar no ambiente físico porque para o leitor de Lucas isso não é surpreendente, mas faz toda diferença hoje. Quer saber como? Quantos de nós já paramos pra pensar na vida destes dois personagens quando iniciamos a leitura de Lucas? Poucos, com certeza, e eu me incluo aqui. Só nestes tempos em que estive meditando sobre este texto é que me dei conta do quão importante eles são. 

Estamos tão acostumados com um evangelho consumista que a maioria de nós passa por cima destes dois personagens sem perceber, julgando-os desnecessários, sem importância. Acho que isto precisa ser revisto. Precisamos aprender um pouco mais sobre viver como cristão. Digo viver em todos os sentidos humanos - não egoístas - que este verbo implica. Aqui não há campanhas de oração nem sensacionalismo. Precisamos  parar com muitas coisas de hoje em dia que solapam o verdadeiro evangelho e uma autêntica vida cristã. Por exemplo, vamos começar com esta história de que somos especiais. OK, somos escolhidos sim, mas isto tem uma conotação horrível hoje em dia: somos escolhidos: vamos nos afastar da mediocridade! Esta terrível lógica esteve presente em todas as épocas em vários grupos religiosos que buscaram fugir do mundo para não se contaminar, não se misturar à chamada massa. Vamos parar com isso! Vamos parar com este evangelho elitisado, cheio de pessoas especiais que vivem num conto de fadas. Precisamos fugir das reuniões de oração! e nada de ficar chocados irmãos. O fato é que tem cristãos que oram de mais e vivem de menos. Vamos encarar a realidade. Vamos encarar, literalmente, a nossa realidade. A realidade à nossa volta, a realidade do mundo. Precisamos de outros ares que não o sufocante encontro ritualista dos nossos dias. Vamos ter outros amigos, ler outros livros; ver outros filmes, ouvir outras músicas (no final tem uma sugestão pra você); sair enfim dos nossos mesmos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares, como disse o poeta e como Matrix mostrou no episódio 1. Precisamos aprender a chorar por um amor não correspondido em vez de tentar justificar dizendo que não era a vontade de Deus. A chorar por tantos desabrigados, carentes, sem teto, sem família, sem nada; ou mesmo pelos ricos que governam nosso país. Precisamos ser mais solidários com a realidade do nosso mundo; seus problemas, suas necessidades. Cadê a igreja, que não se pronuncia? Cadê a gente, que não faz diferença, que não ilumina, mas vive fechado nos templos de ar-condicionado e cadeiras confortáveis. Ah, estamos tão fechados em nós mesmos também. Não queremos nos ferir, não queremos sair da zona de conforto. Não queremos gastar nossos corpos, nossa pele que cuidamos tanto. Temos tantos sonhos não é? Somos tão jovens. temos medo de envelhecer, das responsabilidades, ou de qualquer coisa que exija mais daquilo que estamos acostumados a dar. 

Ah meus irmãos, estamos tão errados! Tão longe! Não é à toa que a bíblia fala e dá destaque às impossibilidades humanas. Faz parte da vida a incapacidade humana. A fragilidade do homem, as exigências cada vez maiores , a tomada de decisões tão importantes! Não recue! Não decida viver em fantasias. Para Lucas, Zacarias e Isabel estavam preparados. Mas observe: existiam outros preparados também! Nosso casal não é especial (eles se tornaram especiais!). Eles não são melhores que os outros. A própria mãe do Salvador saiu de um lugar de onde menos se esperava. A vida é cheia de más justamente por isso, para que a glória seja de Deus e não nossa. Para que Cristo apareça! E não é necessário ter algum poder ou falar a lingua dos anjos. Quem te falou que Deus procura homens poderosos? Não! Ele procura gente humilde. Ele procura pessoas sinceras como esse casal, que ora na esperança de uma intervenção divina. Mas que também tenta, com sinceridade, vencer os desafios da vida. Lucas, na sua preparação para a entrada do messias, nos mostra claramente que mais importante que reuniões de oração ou labaredas de fogo é uma vida sincera diante de Deus. Não poupemos nossos corações, ou nossos pés, ou nossos braços, ou nossa pele, nossa vida enfim! Já dizia a música do Gonzaguinha: 














Eu acredito
É na rapaziada
Que segue em frente
E segura o rojão
Eu ponho fé
É na fé da moçada
Que não foge da fera
E enfrenta o leão
Eu vou à luta
É com essa juventude
Que não corre da raia
À troco de nada
Eu vou no bloco
Dessa mocidade
Que não tá na saudade
E constrói
A manhã desejada...
Aquele que sabe que é negro
O coro da gente
E segura a batida da vida
O ano inteiro
Aquele que sabe o sufoco
De um jogo tão duro
E apesar dos pesares
Ainda se orgulha
De ser brasileiro
Aquele que sai da batalha
Entra no botequim
Pede uma cerva gelada
E agita na mesa
Uma batucada
Aquele que manda o pagode
E sacode a poeira
Suada da luta
E faz a brincadeira
Pois o resto é besteira
E nós estamos pelaí...

Amém!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Interlúdio

Antes de começar a história de Cristo com Lucas, gostaria de dizer que já que ninguém se pronunciou sobre como comentar o livro, eu decidi fazer como venho fazendo, procurando abranger poucos versos ou até mesmo um só, como aconteceu na introdução. Mas isto vai ficar mais raro senão não conseguirei completar o livro. Vou me deter nos aspectos que eu julgar mais importantes e interessantes, com uma novidade: Spurgeon estará entre nós! No site www.spurgeongems.org tem uma coleção de suas pregações e é impressionante ver que este grande homem pregou praticamente toda a bíblia enquanto esteve aqui na terra. Ele com certeza estará presente também. No mais, sinta-se à vontade para dar sua opinião aqui. Este pequeno espaço é de todos os que apreciam arte e qualidade de vida!Vamos lá então!

domingo, 4 de abril de 2010

Diário semanal de Lucas 1 versos 3 e 4

"Pareceu adequado também a mim, excelentíssimo Teófilo, depois de investigar tudo adequadamente desde o começo, escrever-te uma narrativa em ordem, para que tenhas certeza da verdade das coisas em que foste instruído".

Aqui Lucas termina a introdução da sua narrativa. E ao fechar essa parte, a preocupação dele está justamente na verdade das coisas. Em tempos de emocionalismo exacerbado vem Lucas dizer algo racional para nós hoje. É preciso saber a verdade das coisas.

NO verso 1 nós vimos sobre a vida de Cristo no crente. No verso 2, falamos um pouco dessa vida de Cristo que transborda como um rio de água viva. Agora acrescenta-se aqui um aspécto racional a essa vida cristã. E veja que esse foi o motivo que o autor destaca para Teófilo pelo qual a carta foi escrita. Chamando-o de excelentíssimo, Lucas dá um motivo excelente para sua carta: a verdade. Mais tarde Paulo falaria daquele que maneja bem a palavra da verdade. A primeira coisa que eu vejo é que o aspécto racional é crucial na caminhada cristã. Logo na introdução é o que Lucas chama à atenção de Teófilo. É necessário saber da verdade das coisas e isto se torna lógico para nós que já caminhamos há algum tempo, pois sem este aspecto racional não há vida cristã que resista. Não podemos viver uma vida cristã só com experiências emocionais. É necessário saber em quem temos crido, saber responder a todos os que perguntarem da certeza da nossa fé, saber do porquê ser cristão. Tem muita gente preocupada com os sentimentos. Sentir Deus, emocionar-se com os cânticos, etc. Acho isso pernicioso, pois apesar de concordar que o Espírito Santo testifica com o nosso espírito, como diz as escrituras, viver uma vida baseada nas emocões que sentimos é levar-se por um caminho desconhecido, sem pés no chão (que fique claro que eu acho uma bênção quando Deus fala ao nosso coração e sentimos sua presença). O caminho dos sentimentos é desconhecido. Uma música já falava do amor nesse terreno, como um deserto e seus temores. A vida que vai na cela dessas dores não sabe voltar....Para Lucas isso é fundamental e isso vai pautar toda a sua história de Cristo, não somente o que aconteceu enquanto ele esteve entre nós, mas o que ele realmente ensinou., que verdades ele deixou para seus discípulos. Além disso, essas experiências de cair, , rodar, sapatear me incomodam porque não há relatos da escritura sobre isso. Não lemos escritos de reuniões onde o povo de Deus ficava tendo tais experiências místicas numa espécie de surto emocional. Não há relatos de crentes sapateando!(um dia desses assisti um vídeo na internet mostrando crentes rodando numa espécie de transe e em seguida alguns macumbeiros rodando do mesmo jeito). O que dá pra perceber é que o cristianismo de hoje em dia, pelo menos parte dele, está num processo de mesclagem com outras experiências religiosas. Lutero e Calvino devem estar decepcionados; a grande bandeira da reforma e do cristianismo (A verdade vos libertará!)se chama conhecimento!

Assim também Lucas não quer Teófilo falando em linguas ao relatar sua narrativa. Não quer que teófilo tenha experiências religiosas, mas simplesmente que ele conheça a verdade. Nada de sentir não. Só conhecimento mesmo. Coisa simples, mas firmado na rocha. Aliás, por que se preocupar tanto em falar em línguas, por exemplo? Paulo já dizia que é melhor buscar o dom da palavra, da profecia, etc. Penso que no brasil o fenômeno neo-pentecostal se tornou forte por causa da história do próprio país, marcada por uma mesclagem muito forte de culturas afro e católicas. O que é bom por exemplo nas artes.  Não aqui. Bom, nada que não possa ser ajustado na vida de todos nós. O conhecimento hoje está disponível como nunca. Vamos tirar proveito disso. Pra mim, isto fecha a introdução de Lucas: paixão pela história de Cristo e vida cristã racional. Agora estamos preparados para a história!Amém.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Diário semanal de Lucas 1 verso 2

"Assim como nos transmitiram os que, desde o princípio, foram testemunhas oculares e ministros da palavra".

Antes de começar sua história de Cristo Lucas reconhece a importância do testemunho das pessoas que estiveram com Jesus e que viram a história acontecer. Estas pessoas e o que se propagou com respeito à história de Cristo para Lucas foi de extrema importância porque talvez ele e nós hoje estaríamos perdidos ainda. Assim, podemos enxergar aqui o trabalho de Paulo (Lucas se converteu por causa do trabalho dele) e dos primeiros cristãos e apóstolos, que se espalharam pelo mundo por causa da perseguição e levaram a história de Cristo adiante.

Mas veja, muitos conheceram a história de Cristo e não levaram adiante, não deram testemunho. Lucas quer dar crédito  aos operetai, em grego, servos, oficiais  ou como diz texto, ministros. Acho que o que expressa melhor é justamente a palavra hoje conhecida como operário. São pessoas que estão a serviço de algo ou alguém. Imaginem se elas se isolassem do mundo como fizeram alguns monges na idade média! As coisas seriam diferentes se essas pessoas tivessem se calado (como hoje muita gente faz para se isolar do pecado do mundo. A história de Cristo acaba morrendo com elas). A primeira coisa que eu aprendo aqui é que nós nunca sabemos a distância que percorre nosso testemunho. Alguém pode plantar, mas nem sempre e é como normalmente acontece, nem sempre aquele que planta colhe. Alguém planta aqui, outro colhe acolá e assim o evangelho chegou até você e eu. O importante é que a semente seja propagada. É o que nós podemos fazer. O convencer o pecador e o trabalhar as vidas deixemos com Deus!

Mas que semente é essa? Pra mim, a segunda lição que eu tiro deste pequeno verso vem da última palavra. O grego  logos é o mesmo termo usado por João para se referir a Cristo: a Palavra de Deus. Veja que o que foi propagado não foram as bênçãos conquistadas nem tudo o que decorre da nossa posição no Reino de Deus, mas sim a história de Cristo! Sua encarnação, sua expiação, nossa redenção! A história de Cristo não são bênçãos materiais que hoje vemos tanto ser propagado. A história de Cristo não trata dessa competição pelo mercado evangélico. A história de Cristo é aquela que salta das páginas das escrituras para fazer diferença na nossa pequena vida. Assim como nós aprendemos no verso 1 que Cristo vive em nós, o que eu aprendo aqui hoje é que esta história deve nos atravessar e chegar aos outros. É por isso que o evangelho de hoje preocupa tanto e o meu desejo é que Deus tenha misericórdia de nós! Temos nos preocupado tanto com o aspecto material, exterior que nos esquecemos os nossos corações. Nos preocupamos em como vamos convencer aquele amigo a se tornar crente e nos esquecemos de mostrar com nossas vidas um testemunho exemplar de como se vive. Um testemunho de vida, um testemunho da história de Cristo. Não precisamos de muita coisa não. Não é necessário pedir poder em shows ou freqüentar reuniões de descarrego...rs....só é necessário disposição! Que sejamos servos dEle, servos da palavra, servos de Cristo!Amém!