quinta-feira, 20 de maio de 2010

Interlúdio - música cristã hoje


No artigo intitulado Música, de Mark Dever (editora fiel) o autor ataca a visão de adoração no culto como somente aquela feita com música. Para Mark, no culto, a adoração, como é feita pela igreja como um todo, deve ser corporativa, e por isso a principal forma de adoração é o ouvir a palavra de Deus. A partir daí, Mark traz alguns conselhos sobre o momento da música neste contexto.

Primeiro, as canções funcionam como credos devocionais. Lutero mesmo já utilizava as canções para a profissão de fé do povo de Deus (quem não lembra de Castelo forte?). Isso funciona perfeitamente pois é difícil lembrar-se da pregação do domingo retrasado, mas uma melodia é difícil de ser esquecida, principalmente se cantada regularmente.

Segundo, a individualidade emocional não é o mais importante. Para Mark, aqueles que mostram que a expressão final da adoração é uma experiência emocional privativa destroem o conceito de adoração corporativa, isto é, uma adoração congregacional. Eu concordo em parte com o Mark, pois, quer queira quer não, há sempre uma individualidade do adorador com Deus, o que, claro, deve ser pesado por quem adora. Certas liberdades devem ser respeitadas, principalmente para quem conduz a adoração.

Terceiro, as músicas devem ser teologicamente ricas. Isto é raro hoje em dia apesar de ainda vermos músicas de grande riqueza teológica. Eu diria ainda mais. Acho que riqueza teológica é o básico de uma adoração. Mas e a riqueza musical? Tem muitos grupos não cristãos que neste aspecto deixam muitos grupos de louvor no chinelo. Claro que a adoração corporativa não precisa de um aparato musical para acontecer, mas como músico, devo acrescentar que este é um aspecto importante, pois a adoração não deve nem pode acontecer de qualquer jeito. Afinal estamos adorando a Deus, a própria fonte da sabedoria.

Quarto, as músicas devem ser espiritualmente encorajadoras. Embora a nossa esperança está firmada no caráter de Deus e na verdade de seu evangelho, como diz Mark, uma parcela das músicas que ouvimos hoje em dia centraliza a esperança no próprio homem. Eu sou quem faço. Eu posso. Eu decreto! Nessa inversão de valores, descobrimos uma ironia: ao fingir adorar a Deus, o homem se auto-adora, se auto-promove, se auto-satisfaz. Por fim, acho que é importante discutirmos mais este assunto, pois diz respeito a toda a igreja cristã. A adoração congregacional, como diz Mark, não é tão importante quanto o ouvir a palavra, mas ela, como já se sabe, permanece conosco durante os dias, durante as semanas, os anos, a vida e por fim nos acompanhará na eternidade.

ELEGY TO THE MEMORY OF AN UNFORTUNATE LADY





What beckoning ghost, along the moonlight shade
Invites my steps, and points to yonder glade?
'Tis she!--but why that bleeding bosom gored,
Why dimly gleams the visionary sword?
Oh, ever beauteous, ever friendly! tell,
Is it, in heaven, a crime to love too well?
To bear too tender, or too firm a heart,
To act a lover's or a Roman's part?
Is there no bright reversion in the sky,
For those who greatly think, or bravely die?            

Why bade ye else, ye Powers! her soul aspire
Above the vulgar flight of low desire?
Ambition first sprung from your blest abodes;
The glorious fault of angels and of gods:
Thence to their images on earth it flows,
And in the breasts of kings and heroes glows.
Most souls, 'tis true, but peep out once an age,
Dull, sullen prisoners in the body's cage:
Dim lights of life, that burn a length of years
Useless, unseen, as lamps in sepulchres;                
Like Eastern kings a lazy state they keep,
And, close confined to their own palace, sleep.

From these perhaps (ere Nature bade her die)
Fate snatch'd her early to the pitying sky.
As into air the purer spirits flow,
And separate from their kindred dregs below;
So flew the soul to its congenial place,
Nor left one virtue to redeem her race.

But thou, false guardian of a charge too good,
Thou, mean deserter of thy brother's blood!              
See on these ruby lips the trembling breath,
These cheeks, now fading at the blast of death;
Cold is that breast which warm'd the world before,
And those love-darting eyes must roll no more.
Thus, if Eternal Justice rules the ball,
Thus shall your wives, and thus your children fall:
On all the line a sudden vengeance waits,
And frequent hearses shall besiege your gates.
There passengers shall stand, and pointing say,
(While the long funerals blacken all the way)           
'Lo, these were they, whose souls the Furies steel'd,
And cursed with hearts unknowing how to yield.'
Thus unlamented pass the proud away,
The gaze of fools, and pageant of a day!
So perish all, whose breast ne'er learn'd to glow
For others' good, or melt at others' woe.

What can atone (O ever-injured Shade!)
Thy fate unpitied, and thy rites unpaid?
No friend's complaint, no kind domestic tear
Pleased thy pale ghost, or graced thy mournful bier,     
By foreign hands thy dying eyes were closed,
By foreign hands thy decent limbs composed,
By foreign hands thy humble grave adorn'd,
By strangers honour'd, and by strangers mourn'd!
What, though no friends in sable weeds appear,
Grieve for an hour, perhaps, then mourn a year,
And bear about the mockery of woe
To midnight dances, and the public show?
What, though no weeping loves thy ashes grace,
Nor polish'd marble emulate thy face?                   
What, though no sacred earth allow thee room,
Nor hallow'd dirge be mutter'd o'er thy tomb?
Yet shall thy grave with rising flowers be dress'd,
And the green turf lie lightly on thy breast:
There shall the morn her earliest tears bestow,
There the first roses of the year shall blow;
While angels with their silver wings o'ershade
The ground, now sacred by thy relics made.

So peaceful rests, without a stone, a name,
What once had beauty, titles, wealth, and fame.          
How loved, how honour'd once, avails thee not,
To whom related, or by whom begot;
A heap of dust alone remains of thee,
'Tis all thou art, and all the proud shall be!

Poets themselves must fall, like those they sung,
Deaf the praised ear, and mute the tuneful tongue.
Even he, whose soul now melts in mournful lays,
Shall shortly want the generous tear he pays;
Then from his closing eyes thy form shall part,
And the last pang shall tear thee from his heart;        
Life's idle business at one gasp be o'er,
The Muse forgot, and thou beloved no more!

De Alexander Pope. Publicado em 1717.

domingo, 16 de maio de 2010

No coward soul is mine





No coward soul is mine,
No trembler in the world’s storm-troubled sphere:
I see Heaven’s glories shine,
And faith shines equal, arming me from fear.
O God within my breast,
Almighty, ever-present Deity!
Life that in me has rest,
As I undying Life have power in thee!
Vain are the thousand creeds
That move men’s hearts: unutterably vain;
Worthless as withered weeds,
Or idle froth amid the boundless main,
To waken doubt in one
Holding so fast by thine infinity;
So surely anchored on
The steadfast rock of immortality.
With wide-embracing love
Thy spirit animates eternal years,
Pervades and broods above,
Changes, sustains, dissolves, creates, and rears.
Though earth and man were gone,
And suns and universes ceased to be,
And thou were left alone,
Every existence would exist in thee.
There is not room for Death,
Nor atom that his might could render void:
Thou thou art Being and Breath,
And what thou art may never be destroyed.


Emily Brontë em 2 de Janeiro de 1846.

sábado, 15 de maio de 2010

To a Wreath of Snow


Ó transient voyager of heaven!
Ó silent sign of winter skies!
What adverse wind thy sail has driven
To dungeons where a prisoner lies?
Methinks the hands that shut the sun
So sternly from this morning brow
Might still their rebel task have done
And checked a thing so frail as thou
They would have done it had they known
The talisman that dwelt in thee,
For all the suns that ever shone
Have never been so kind to me!
For many a week, and many a day
My heart was weighed with sinking gloom
When morning rose in mourning grey
And faintly lit my prison room
But angel like, when I awoke,
Thy silvery form so soft and fair
Shining through darkness, sweetly spoke
Of cloudy skies and mountains bare
The dearest to a mountaineer
Who, all life long has loved the snow
That crowned her native summits drear,
Better, than greenest plains below –
And voiceless, soulless messenger
Thy presence waked a thrilling tone
That comforts me while thou art here
And will sustain when thou art gone.
Emily Brontë.

Diário semanal de Lucas 1. 18-20

"Então perguntou Zacarias ao anjo: como saberei isto? Pois eu sou velho, e minha mulher, avançada em dias. Respondeu-lhe o anjo: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado para falar-te e trazer-te essas boas novas. Todavia, ficarás mudo e não poderás falar até o dia em que estas coisas venham a realizar-se; porquanto não acreditaste nas minhas palavras, as quais, a seu tempo, se cumprirão"

Há muitas coisas que podemos ver por aqui e eu quero começar pela principal delas pra mim: A sinceridade de Zacarias.Nem a presença de um anjo e todo o medo que ele sentiu o convenceu de uma mudança na sua vida.. Depois de tudo o que o anjo lhe falou ele não tinha sido convencido e olhava para ele mesmo com incredulidade, pessimismo. Certa vez Emily Brontë escreveu para a neve:  
Ó transient voyager of Heaven!
Ó silent sign of winter skies!
What adverse wind thy sail has driven
To dungeons where a prisioner lies...

Eu vejo essa passagem de Emily como esta de Zacarias. Toda incapacidade, fragilidade, medo e desespero humano se encontra em sua súplica: Como? Como saberei disto? Esse tipo de sinceridade chega quando nos falta forças. Lutamos tanto, perseguimos tanto e depois que tudo mina nossa alegria e nossas esperanças só nos resta senão descrermos, mesmo com um anjo em nossa frente. Não quero ser pessimista aqui, mas quem nunca passou por momentos assim?Jó aguentou alguns capítulos, mas depois, parafraseando, diria ele a Deus na beira da loucura e em profundo desespero: És por acaso homem? Conheces o que significa ser humano?Yancey disse que Jesus veio também para responder a essa pergunta...

Uma coisa eu sei e Lucas deixa bem claro quando continua com seu texto: Eu sou Gabriel! Perceba que só agora nos é revelado o nome do anjo. Gabriel significa homem de Deus. Ao dizer isso nesse momento, nos fica claro a preferência que temos. Primeiro, sempre (teoricamente) podemos contar com seus homens, sejam eles anjos ou não. Segundo, eles assistem diante do próprio Deus, isto é, sabem muito bem a nossa situação; terceiro, eles são enviados ao nosso favor, para trazer boas novas às nossas vidas. Note que o Gabriel não alimenta os sentimentos de Zacarias, mas também não o reprova, se assim podemos dizer. Mais importante que isso é o plano de Deus. Por não compreender isso agora, Zacarias ficaria mudo até que visse com seus próprios olhos...

Agora, cá entre nós. Quem ousaria culpar Zacarias? claro que vão surgir aqueles que diriam da falta de fé, que usariam esse personagem para promover a febre do cristianismo simplista que vemos hoje, como se a vida real fosse um conto de fadas. Mas eles ignoram a realidade daqui e a realidade de uma vida cristã autentica. Eu comecei com o lado negro da história porque é assim que as coisas são. Nús, nós só temos a opção de enxergar a realidade. Os cristãos sabem que a vida com Cristo pode enlouquecer qualquer um. Ela nos faz "ver a morte sem chorar", como diz a letra; nos leva ao limite do monte e quando finalmente chegamos lá, em plena exaustão, nos pede um salto de fé que seria impossível para qualquer humano (sim, há certos momentos em que simplesmente não dá). Ela nos leva à beira do colapso interior, uma exigência de fé superior ao que podemos dar. Sim, uma fé além do desespero, da morte, das angustias de alma, que chega até mesmo a parecer loucura. O que me vem à mente quando eu toco num assunto tão crucial como esse é a realidade das crianças. Elas tem de ser tornar adultas mas não poderão chegar lá senão sofrerem.Não existe esse tal dia em que ela diz: sou um adulto. Não, ela olha para tráz e percebe que cresceu. Ao meu ver, a questão não é se Zacarias estava errado ou incrédulo. Ele somente não estava preparado. Ele precisava aprender algo mais e aqui nós o vemos sofrer essa mudança tão necessária. Mais tarde, já mudado, mais forte, ele louvaria a Deus por Jesus. Assim também acontece conosco. Eu gostaria que nossa vida fosse melhor, mas assim jamais chegaríamos perto de nosso Senhor. No final nós todos reconheceremos o quanto foi importante se esforçar para sair do casulo e finalmente voar. No final todos nós o louvaremos também por essa obra que mexe tanto conosco. Não recusemos esse ensino. No início ele pode parecer até injusto, mas sempre há uma imensa alegria no final. Amém!


quinta-feira, 6 de maio de 2010

Diário semanal de Lucas 1 versos 15-17


"Ele será grande diante do Senhor. Não beberá vinho nem licor e desde o ventre de sua mãe estará cheio do Espírito Santo. Reconduzirá muitos israelitas para o Senhor, seu Deus. Caminhará diante dele no Espírito e no poder de Elias para reconduzir os corações dos pais para os filhos e os rebeldes para a sabedoria dos justos, a fim de preparar para o Senhor um povo bem disposto"

As qualidades de João são imensas. Se eu fosse enumerar e comparar com a de Jesus, mais na frente, João ganharia. Mais tarde Jesus diria que João é o maior dentre os nascidos de mulher (Lc 7.28) mas Lucas nos conta que o propósito de todas estas qualidades e virtudes é apenas um: serviço. Sim, serviço. João prepararia o caminho de Cristo, anunciando no deserto o arrependimento e uma mudança de vida. João serviria a Deus através de seu ministério. Veja como Lucas destaca as qualidades justamente para colocá-las a serviço do propósito, do plano de Deus. Não é o engrandecimento humano. Não é a formação de uma raça superior. Não é o exclusivismo e elitismo religioso. Não. O propósito daquilo que Deus deu para João foi o de servir.

E aqui entramos no calo de muitos cristãos. Tem muita gente dizendo ter muita coisa, menos o "dom" do serviço. O problema é que o serviço não é um dom. Claro que existem ministérios de serviço, mas não é o caso aqui. Estamos falando em qualidades que Deus nos dá. Devemos usar, segundo Lucas, como instrumento de Deus para o reino. Tanta gente que sabe fazer tanta coisa por ai, mas separa as coisas de Deus e as coisas do mundo e acaba fechado em si mesmo (ou acaba seguindo um e deixando o outro). Eis um ponto interessante de se falar hoje em dia. O evangelho que se propaga hoje é o das bênçãos. Não se fala em serviço. Se fala em ganhar, lucrar, ficar rico ou no outro extremo, de sentir, adorar, chorar, uivar, gritar, cair, sapatear...etc.  

Por que você acha que a primeira qualidade que Deus coloca é justamente que João seria um grande homem? Ora, ser grande aos olhos de Deus não tem nada a ver com riquezas. João viveria no deserto comendo mel de abelha! Não tem nada a ver com provar os prazeres que o mundo pode oferecer: João não beberia nem sequer vinho!Não, ser grande diante de Deus é cumprir o propósito, estar a um serviço maior, à disposição de Deus. Veja, o final de João não foi feliz (ele foi decapitado). O final de Cristo não foi feliz (foi crucificado). O final dos discípulos não foi feliz (alguns foram cerrados ao meio, outros mortos à espada, outros crucificados, etc). E o final de muitos cristãos até hoje, não é feliz. O propósito de Deus não tem nada a ver com o mundo apesar de ter tudo a ver com ele. Deus claramente coloca seus servos para trazer luz, sal, às trevas que dominam esse planeta. O propósito de Deus, claramente e verdadeiramente falando, não é a nossa felicidade porque Deus não está ao nosso serviço! C.S.Lewis já disse que Deus não nos fez para a felicidade "para não pensarmos que ela pode estar na próxima esquina. Mas Ele nos fez para o amor, porque podemos amar aqui e agora". Lucas diz que Deus não nos fez para a felicidade para que não pensemos que Ele tem de nos fazer felizes, haja o que houver. Para nossa informação, há muitos cristãos agora que estão presos. Outros não podem nem ler a bíblia. Há lugares em que cristãos são fuzilados ou mortos banalmente. Há povos que odeiam e matam sem piedade qualquer um que se diga cristão. Mas claro, não vamos sair por ai dizendo que os cristãos são uns infelizes.  Seria um erro tentarmos viver como João porque não somos ele. Cada um de nós é tratado por Deus de forma diferente e só conversando com Ele saberemos como podemos ser úteis ao seu propósito. O que Lucas deixa claro aqui é o serviço a Deus, que deve estar acima dos nossos desejos egoístas. Para não ficar nas palavras dele, mais tarde Jesus diria que mais importante é buscar o reino de Deus e a sua justiça e o resto nos será acrescentado.

Agora, vamos para de infantilidade e enxergar nossas vidas. Estamos servindo? Elas mostram Deus ao mundo? Nossas vidas falam de Deus ou falam de nós mesmos? Estas são apenas algumas questões para pensarmos e mudarmos junto com Teófilo. Ao mostrar o exemplo de João, Lucas que abrir os nossos olhos para tantos propósitos banais pelas quais alguns cristãos vivem. O nosso dever é trocar os nossos por outros, maiores, melhores, vindos do alto e voltados para o céu. Amém.