quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Casimiro de Abreu






 



Oh! que saudades que tenho



Da aurora da minha vida,



Da minha infância querida



Que os anos não trazem mais!



Que amor, que sonhos, que flores,



Naquelas tardes fagueiras



À sombra das bananeiras,



Debaixo dos laranjais!



Como são belos os dias



Do despontar da existência!



— Respira a alma inocência



Como perfumes a flor;



O mar é — lago sereno,



O céu — um manto azulado,



O mundo — um sonho dourado,



A vida — um hino d'amor!



Que aurora, que sol, que vida,



Que noites de melodia



Naquela doce alegria,



Naquele ingênuo folgar!



O céu bordado d'estrelas,



A terra de aromas cheia



As ondas beijando a areia



E a lua beijando o mar!



Oh! dias da minha infância!



Oh! meu céu de primavera!



Que doce a vida não era



Nessa risonha manhã!



Em vez das mágoas de agora,



Eu tinha nessas delícias



De minha mãe as carícias



E beijos de minha irmã!



Livre filho das montanhas,



Eu ia bem satisfeito,



Da camisa aberta o peito,



— Pés descalços, braços nus



— Correndo pelas campinas



A roda das cachoeiras,



Atrás das asas ligeiras



Das borboletas azuis!



Naqueles tempos ditosos



Ia colher as pitangas,



Trepava a tirar as mangas,



Brincava à beira do mar;



Rezava às Ave-Marias,



Achava o céu sempre lindo.




Adormecia sorrindo 

 


E despertava a cantar!


................................


Oh! que saudades que tenho


Da aurora da minha vida,


Da minha infância querida


Que os anos não trazem mais!


— Que amor, que sonhos, que flores,


Naquelas tardes fagueiras


À sombra das bananeiras 

 

Debaixo dos laranjais!







2 comentários:

  1. o cenário inicial é o museo casimiro de abreu. O poema, uma homenagem ao ator Paulo Autran, que recitou este poema uma vez...e a todos quanto lembram....

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  2. Muito lindo este poema do Casimiro, é o meu poema predileto desde pequena nos traz sentimentos de nostalgia e saudade!!!!!!!! Muito bom!

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