sábado, 12 de junho de 2010

Interlúdio - O culto ao corpo

O texto da antropóloga Mirela Berger é ótimo. Quando terminamos, praticamente vemos diante de nossos olhos o retrato da nossa sociedade atual. A importância de estar fisicamente bem, a cobrança social, o apelo da mídia, as vitrines dos shoppings, a exposição do corpo, a influência da TV e dos amigos, até mesmo na competição por um trabalho, o corpo como bem de consumo, o enorme esforço individual requerido e até mesmo nosso clima tropical, tudo enfim que hoje causa no Brasil esse frenesi do culto ao corpo é muito bem concluído pela Mirela com o texto de José Rodrigues, do livro O corpo na história:

O indivíduo acaba por sentir em si o mal-estar silencioso derivado da talvez mais hermética das prisões, aquela que se constitui quando o homem passa a ser um carcereiro de si próprio, vivendo na ilusão de ser livre.”

Ao terminarmos o texto, vemos a grande diferença que Cristo faz à nossa sociedade atual. Veja que não é preciso ser cristão para perceber a prisão daqueles que cultuam o corpo hoje em dia. Quando fiz Filosofia da música na universidade, ficou claro também: há um grande problema com a sociedade atual. Nós, cristão sabemos o porquê. É interessante no texto o ritual ao qual se submetem aqueles que querem fazer parte desse mundo do culto ao corpo: primeiro tem de haver uma separação do indivíduo do grupo dos não malhadores, por exemplo. Depois, a transição do aprendizado das novas regras, novos hábitos de vida. E enfim, a consagração daquele que é agora um “malhador”. Aqui eu quero deixar bem claro que eu incentivo o cuidar do corpo, acho que é importante e que nada tenho (nem a bíblia tem) contra o viver bem e o estar bem. O problema é que isto virou um culto em nossa sociedade e o corpo agora é tratado como bem de consumo. O que constatamos com o texto de Mirela é que aqueles que entram nesse ritual colocam sobre si um enorme peso, uma carga que posteriormente vai custar caro.

Cristo nos livra dos pesos que a sociedade tenta impor, das ilusões que tantos alimentam. Ele nos livra desses conceitos perniciosos que nada instruem sobre a vida ou sobre Deus. As palavras e conceitos vazios felizmente não ilude alguém que teve um verdadeiro encontro com Cristo. Cada vez que nos aproximamos de Deus percebemos o quanto custa caro trocar seus valores estéticos pelos valores estéticos do mundo, o quanto pesa tanto ir contra seus conselhos. Fico triste em ver tanta gente com tanto peso sobre os ombros, com tanta coisa para carregar. Para nós, cristãos, fica a responsabilidade de mostrar as palavras de Jesus: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados e achareis descanso para as vossas almas”. Acho que Emily Brontë resumiu a minha posição atual nessa questão, ao finalizar seu poema Remembrance:
‘…How could I seek the empty world again?”

Ismael Patriota 

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