sábado, 5 de junho de 2010

Diário semanal de Lucas 1. 21-23

"O povo estava esperando Zacarias e admirava-se de que tanto se demorasse no santuário. Mas, saindo ele, não lhes podia falar; então, entenderam que tivera uma visão no santuário. E expressava-se por acenos e permanecia mudo. Sucedeu que, terminados os dias de seu ministério, voltou para casa."

Temos um final parcial aqui. O que está prestes a começar, depois do verso 25 é a história do nascimento de Cristo. Antes Lucas faz questão de finalizar parcialmente tanto Zacarias como depois a sua esposa, Isabel. Mas como disse, esse é apenas um final parcial, pois depois estes personagens irão nos aparecer novamente. Pois bem, e como esta história termina aqui? Zacarias voltou para casa, mas numa situação inusitada: não podia falar. Imagine só! O que Deus tinha dado a Zacarias não foi um castigo. Num primeiro momento nossa impressão é que Zacarias foi punido e de certa forma foi sim, mas num segundo momento podemos, pelo menos eu tenho a idéia, de que Zacarias recebeu algo de Deus. Ele recebeu muito tempo para pensar. Deus não castiga só para nos ver sofrer. Deus não é como muitos de nós, que se alegra com o sofrimento alheio, principalmente porque nada do que é humano é indiferente para Deus. Somos seus filhos e como vimos, Zacarias precisava aprender um degrau a mais na fé cristã e podemos dizer que este tempo de reflexão ajudaria muito. Aqueles que sempre podem se comunicar verbalmente têm apenas um vislumbre daquilo que Zacarias experimentou. Vislumbre porque a experiência de não poder falar é raro, mas às vezes acontece e quando isso ocorre com a gente, ficamos apenas alguns dias. Zacarias ficou meses, já que sua mulher não estava grávida ainda. Ele só falaria novamente no oitavo dia depois que João nasceu. 

Porém eu disse vislumbre porque podemos experimentar essa dádiva de Deus em alguns momentos. Sabe aquele filme que assistimos no cinema e que no final, as luzes se acendem novamente e nós simplesmente não falamos? Comentamos sim sobre os personagens, sobre as paisagens, sobre se o final foi bom ou não, mas interiormente sabemos que o que mais importou na seção não foram esses detalhes? Pois bem, este é apenas um vislumbre também porque interiormente chegamos à conclusão que não podemos falar sobre isso. As palavras, como diz, Baruque, não podem expressar tudo o que sentimos em nosso coração, e mesmo as notas das canções não podem mostrar tudo o que levamos conosco depois do filme. Alguns gostam de reclamar por respostas, mas quem disse que elas importam? No final de Lost, muitas respostas não foram dadas e minha conclusão é que o final foi incrível! Ora, não ocorre o mesmo na vida cristã? Ou você acha que temos as respostas?! Cada vez mais que caminho, mais eu percebo que somos levados por fé e não por certezas. Sören Kiierkegaard já falava que é necessário um salto de fé (porque muios já creem (já viu aquelas pessoas que dizem que acreditam em Deus ou tem um lado espiritual forte, etc? Pois é, nada contra este lado espiritual,  mas o salto de fé requer coragem e é fruto de uma profunda inquietação)) e os autores de Lost também perceberam isto, de certa forma (não que estes autores sejam crentes, mas principalmente porque eles são humanos). 

Mas isso não é privilégio daqueles que vão ao cinema. Todo ser humano já teve alguma experiência assim, mas nós, cristãos, somos privilegiados porque podemos ter esse vislumbre de algo maior que as palavras, de algo que está por traz de tudo, também quando paramos de ler as escrituras e passamos e nos debruçar sobre ela. Deus nos faz pensar muito sobre nossas vidas, nossas atitudes, nossos valores, tudo enfim que nos define. È por isso que estou neste diário semanal de Lucas. Eu preciso parar pelo menos um dia na semana para refletir mais profundamente sobre a bíblia! A minha conclusão aqui é que o silêncio é imprescindível na nossa vida. Quando paramos de tentar obter repostas podemos finalmente desfrutar em paz de tudo aquilo que Deus tem para nós. Mais uma lição que Lucas nos deixa. Mais uma lição do nosso eterno pai. Amém!

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