"E de onde me provém isto a mim, que venha visitar-me a mãe
do meu Senhor?
Pois
eis que ao chegar aos meus ouvidos a voz de tua saudação, a criancinha saltou
de alegria no meu ventre. Bem-aventurada é a que creu, pois hão de cumprir-se
as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas."
Quero destacar uma progressão nos
versos 43-44: meu Senhor - sua saudação - a criança - meu ventre. A pergunta
inicial de Isabel, pra mim, tem caráter retórico, cuja resposta é Deus. Este
encontro entre as duas é uma confirmação de um propósito que vem do alto e vai
até o ventre de Isabel. Esse encontro marca essa confirmação de um agir
espiritual, mas que se materializa aqui na terra, por meio dessas duas pessoas.
Chegando então à última parte, verso
45, bem aventurado é aquele que crê. Meu ponto aqui não é exatamente a fé, mas
a estreita ligação entre Deus e os homens, sejam eles de fé ou não. Ora, os
propósitos de Deus não são cumpridos por anjos, ou por meio de mágicas. Deus
usa pessoas. Pessoas simples, como duas mulheres aqui em Lucas 1, ou como eu e
você. Pessoas comuns. Penso que um ponto importante é a importância que cada
ser humano tem nos propósitos de Deus. Como disse C.S.Lewis, cada vida é
eterna. Ninguém está aqui por acaso. Ninguém está em aleatório, vagando por ai.
Quer sejamos gordos, magros negros, brancos, todos participamos dessa cadeia de
ações produzida e sustentada por Deus (isso sim é sobrenatural).
Por isso, acho que uma lição de
Lucas nestes versos é o tratamento igual a cada ser humano, pois Lucas faz
questão de valorizar o papel dessas duas mulheres para o nascimento do Messias,
num contexto altamente machista. A diferença entre nós, crentes para os
descrentes, é que nós vemos este agir de Deus na história, na nossa simples
história. Como Isabel diz, bem aventurado somos, pois vemos (e ainda veremos
mais) o cumprir das promessas de Deus.
Há um segundo ponto aqui. Isabel não está falando que os que não creem são infelizes. Há uma tendência de “exclusivismo”
no meio evangélico tal como foi com o povo de Israel. Essa idéia leva consigo o
orgulho de que temos Deus ao nosso lado e que todas as outras pessoas irão pro
inferno. Isso é um engano, pois o próprio Deus diz que todos os povos o adoram,
mesmo estando longe da aliança. Quem você acha que está mais perto de Deus? Um
cristão cujo coração está longe de deus, ou um “pagão” cujo coração e oração
estão sensíveis ao agir de um ser supremo? Como Philip Yancey diz, se os judeus
não souberam reconhecer o messias, porque nós achamos reconheceríamos se Jesus
viesse hoje? O remédio para esse “exclusivismo” se encontra nesse texto de
Lucas: reconheçamos o valor do próximo, seja ele quem for, nos planos e
propósitos de Deus. Amém!
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