quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

I am sick of lying

É natal! o ano novo já vem, e eu me vejo escrevendo meu último post do ano. Eu coloquei textos que fizeram parte das minhas experiências cristãs ultimamente. Mas faltou uma coisa e eu não posso deixar de terminar o ano sem escrever o que vou escrever. Estive lendo um livro do Pastor René Kivitz chamado Outra Espiritualidade. Ele deixa bem claro que está cansado desse cristianismo infantil que tanto vemos por ai. E eu quero também prestar minha indignação também. Quero deixar bem claro que eu estou cansado! Sim, estou cansado desse nosso cristianismo que muitas vezes estive envolvido e pensei estar certo. Estou cansado das pregações vazias, das orações repetitivas e dos discursos chatos. Estou cansado, meus amigos...
Bem que eu poderia até dizer pra mim mesmo que o melhor é não falar, mas continuar calado. Porém, não posso. Não consigo mais. A coisa chegou num patamar do insuportável e eu simplesmente não posso mais aguentar. Preciso reclamar, preciso falar, não consigo mais me conter!!!
Pra começar, vamos á palavra pregada. É de se lamentar que tantos pastores subestimem a palavra de Deus. É a mesma ladainha de sempre. Eu não aguento mais ouvir a mesma coisa. Desde o "diga pra o seu irmão: Deus te ama...Deus tem um plano em sua vida...bla bla bla" até o "temos que obedecer, meus irmãos, porque quem não obedece tem sua vida amaldiçoada"... Além de frases teologicamente suspeitas, elas vêm sozinhas, sem desenvolvimento algum do texto. Pega-se por exemplo, o texto de salmos 91.1 e o que ouço é basicamente: "Irmãos, temos que estar na sombra do Todo-Poderoso, porque assim estaremos seguros...."
Caramba! Será possível que se repita o que já se leu? Será possível que não se tenha nenhuma novidade? Irmãos, eu li que Deus revela segredos aos que o buscam. Ou os pastores não o querem buscar ou Deus não quer revelar! O que nos leva a simples conclusão que o problema não é Deus. São os pastores! Estou cansado das pregações simplistas, que não querem chegar a lugar nenhum e que não saem de nenhum lugar...não se ouve nada novo...não se tem uma busca pelos originais, não se vê nenhuma preocupação em destrinchar o texto e o resultado não pode ser outro que uma pregação sem pé nem cabeça, além de chata( alguns pastores conseguem impressionar através da sua voz, mas com o mesmo resultado.) Pra mim, isso é um desrespeito tanto pela palavra, que é tratada simploriamente, como também pelo ouvinte, que tenta viver uma vida cristã digna mas que ouve nada menos que a mesma coisa. Eu nuca ouvi na minha vida inteira uma pregação que citasse abundantemente os pais da igreja, os puritanos entre outros grandes pregadores. Porém basta ler uma mensagem do Spurgeon pra se perceber o respeito com a palavra, a minuciosa escolha das palavras e a profundidade de seu conteúdo. Parece que se está num outro mundo da pregação. To cansado desses pastores simplórios...pra mim era melhor que não ouvesse pregação desse tipo...seria menos desgastante pras nossas mentes e pros nossos ouvidos...
Quando fui pregar na Igreja Batista Calvário para os jovens, orava ao Senhor todo dia pedindo o seu conselho, a sua sabedoria e sua graça. Anotava tudo o que vinha na minha mente e tive que refazer várias vezes a abordagem dos texto o do meu raciocínio para que fosse coerente. Foi árduo! E claro que foi e sempre será. Se tratamos um texto bíblico com desprezo, achamos na verdade que somos nós os capazes e que por isso não se precisamos pesquisar e buscar nada. Mas se nos colocamos em nosso lugar e reconhecemos nossa incapacidade, encaramos a seriedade que é a pregação. Passamos a reconhecer quão valiosa é a palavra de Deus pra ser exposta de qualquer jeito. E é um prazer sem palavras ver que Deus realmente fala coisas interessantíssimas e que quando acabamos, somos outra pessoa.
Mas a coisa não pára por ai. O problema do nosso cristianismo está muito além da palavra. Nós vemos na hora do louvor também. E aqui mais uma vez eu digo: Não aguento mais.
É impressionante. As pessoas só querem adorar! Elas querem chorar, chorar e continuar chorando! É um chororô sem fim! Ficam pedindo o perdão de Deus, pra que ele possa fazer um milagre em suas vidas, pra subirem o mais alto só pra ver Jesus, querem pisar na cabeça do Diabo, querem ser restituídas, querem que Deus as ensine a obedecer e a ter santidade, etc, etc, etc. Depois que o diante do trono começou com essa história do "eu me arrependo Senhor", todo mundo começou a chorar arrependido de seus pecados. E o que mais vemos é todo mundo querendo tocar no coração de Deus, pegar nas sandálias de Jesus e fazer o pai sorrir. Tem CDs que são lançados para a gente colocar no nosso quarto e ficar lá, prostrado, adorando, adorando, adorando....numa coisa meio mística (é só colocar um pouco de incenso que vira um verdadeiro ritual budista). Músicas que se repetem por 15 minutos, cânticos espontâneos e danças são a moda do louvor hoje em dia. É impressionante como pegou pegou e hoje qualquer igreja tem de ter seu grupo de dança, e se não tiver parece que falta algo no culto. Mas, se observarmos bem, tem muita coisa desnecessária aqui e pelo que vejo, se dança tanto e se adora tanto que quando chega a parte da palavra ninguém aguenta mais. Afinal o importante é adorar e não ouvir a palavra...é o que inconscientemente se diz no culto...
Mas não pára por aqui também.Nossa visão do cristianismo também está equivocada. Precisamos pensar um pouco a respeito disso. Pra começar, nossa noção de arrependimento está equivocada. Associamos arrependimento com esse chororô frenético dos últimos tempos e ficamos sem saber o que realmente significa o arrependei-vos. O termo usado por Pedro em seu discurso em Atos 2 é o mesmo que o usado por Paulo em Romanos 12: Metanoia. Arrependimento não é choro nem lamentação. Arrependimento é transformação. De vida, de pensamento, de atitudes!Chega! Acho que Deus também não aguenta tanto choro de crente no momento de culto. Chega de se fazer de coitadinho irmãos e vamos tomar vergonha na cara e transformar nossas atitudes. Chega de tentar subir nas árvores pra ver Jesus e vamos começar a chamar sua atenção com a excelência de nossas vidas. Em segundo lugar, esse conceito de Deus fazendo isso e aquilo por nós faz parte de uma cultura católica de passividade. Esse cristianismo passivo é pernicioso! É perigoso e precisa ser combatido. Pra exemplificar, vejamos uma das músicas que mais se canta hoje em dia: Entra na minha casa, entra na minha vida..etc...em uma parte diz: " Me ensina a ter santidade...faz um milagre em mim." Meus irmãos, sejamos sinceros. Deus não nos ensina a sermos santos. Santidade, além de um estado, é uma atitude, pois nós lemos na bíblia: todo aquele que tem essa esperança, purifica-se a si mesmo!!!!!ao cantarmos me ensina a ter santidade, transferimos pra Deus algo que é de nossa responsabilidade.To cheio disso irmãos, dessa passividade que o tempo todo se prostra diante de Deus como se fôssemos tomados por Deus de uma forma mística. Não vamos confundir humildade com passividade! Chega disso. Vamos tomar jeito. Nada de esperar de Deus que a nossa vida se torne isso e aquilo. NÓS somos moralmente responsáveis por nossos atos e o que eu vejo na bíblia não é um cristianismo passivo, mas altamente vivo e ativo na vida do crente. Vejamos por exemplo a igreja primitiva. Eles caiam na graça do povo...e por que? com certeza não era porque ele viviam adorando e chorando nos cultos! Ao contrário, em suas vidas, eles mostravam o que significa ser cristão! Do fruto do Espírito que Paulo fala, somente um é interior, que é a temperança, ou domínio próprio. Todos os outros são externos, isso é, devem ser vistos. O problema é que nós não queremos ser vistos. Queremos sentir. O que importa é sentir, é adorar, e ser tomado por Deus e ter uma 'experiência" com Ele, etc.....Mas Chega! Eu não vejo Deus me pedindo esse cristianismo que está sempre sentindo e esperando. Jesus disse que os adoradores adoram em espírito e em verdade. Há muita racionalidade aqui! Há muita atitude e menos emoção.
Deveríamos aprender mais com Lutero e sua Reforma. Este homem de Deus utilizou o louvor como ferramenta para o ensino das verdades cristãs. Seus propósito não era fazer o povo sentir e é impressionante vermos declaraçõs como: "o louvor de hoje foi uma bênção. Nossa, como eu sentí e presença de Deus." Em nossa preocupação em sentir Deus, nos desviamos do propósito do louvor de adorar a Deus, entronizá-lo, louvá-lo por seus feitos e agradecê-lo por mandar Jesus, nosso redentor. Não cantamos mais músicas como "Dá-me mais graça, Senhor, dá-me mais graça, passa os teus dedos nos meus olhos, vem me consolar..." ou "Cristo levou sobre si as nossas dores, ele levou sobre si as nossas maldições...".O que vemos é músicas do tipo " Restitui, eu quero de volta o que é meu" ou "Eu fui no terreno do inimigo e eu tomei tudo o que me roubou...". Percebe como é sutil nesse tipo de música uma centralização na vontade do homem e não na vontade de Deus? É, a coisa é séria. Começamos a cantar para satisfazer nossos desejos. Começamos a adorar a criatura em vez do criador. E tem mais. Deixe-me confessar aqui. É muito ténue a linha que divide uma verdadeira adoração de uma adoração mística. Em música isso é muito fácil. Eu mesmo como músico sei que eu posso sentir muito mais numa apresentação de musica clássica do que no louvor apresentado a Deus. A diferença está não no sentimento, mas em quem recebe. É claro que o Espírito de Deus testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus, mas ao meu ver isso não tem a ver o sentir, mas com o saber! Nós sabemos que somos filhos de Deus e por isso O adoramos. Isso é racionalidade, isso é adoração! E é por isso que adoração não é somente louvar. Por isso nós adoramos com nossas atitudes, pensamentos e cânticos; nós sabemos quem é o nosso pai e nós sabemos o que fomos, o que somos, o que vamos ser e o porquê de tudo isso.
Tem muito pano pra manga aqui. É preciso rever nosso conceito de cristianismo e começar a questionar as coisas. Eu sei que muitos não concordaram com algumas coisas aqui. Mas uma coisa é certa: sentir não é adorar! vamos tomar jeito e aprender isso ou nosso louvor nunca irá mudar. E vou mais além. Nunca nossa vida irá mudar se não aprendermos a deixar nosso mundo cristão de lado e formos ao mundo de Cristo. Nó aprendemos em nossa cultura a sermos água de torneira. O que o mundo precisa é de um pouco de água com gás. Sinto muito, mas as músicas lindas mas que não trazem verdades cristãs já não fazem efeito em mim. Eu não choro mais com os filmes e os dramas dos personagens. Essa cultura de ficar observando a história de outros me incomoda cada vez mais. É muito mais emocionante fazer a minha história. Questionar é muito melhor que contemplar. Chega. Pra mim chega. É muito fácil concordar com o que todo mundo diz. E se todo mundo dissesse como já disseram uma vez: Jesus é mentira. Eu digo Vai-te verdade, pois tudo o que quero é Jesus.
Estou cansado de mentir, é o que diz o título deste post. E estou mesmo. Nossa, como é fácil viver em um cristianismo de mentiras. Ir ao culto nos domingos, sentir Deus no louvor, e ouvir uma pregação que não muda minha vida. Como é fácil ir vivendo sem questionar, sem nunca buscar uma gota a mais da palavra de Deus. Como é fácil colocar um CD no meu quarto e começar a sentir Deus e me emocionar. Ser água de torneira, sem gosto, sem gás, sem nada. Como é fácil viver nesse mundinho que nós muitas vezes criamos, num cristianismo que não muda nossa vida, que não nos fere, que não nos faz chorar, que não dói, que não nos custa nada. Pra mim, esse cristianismo me cansou. Eu não consigo mais viver nele. Estou saindo. Deixando de vez. Os que quiserem ficar, que fiquem. Eu não fico e digo com todo orgulho que vou nadar contra a correnteza. Vou enfrentar os perigos de se viver longe dos outros peixes, de ir pra lugares desconhecidos, de explorar rotas pouco comuns e de não saber o que vou encontrar. Quem quiser vir está convidado. Vai ser uma viagem em tanto...

sábado, 25 de outubro de 2008

De Profundis

De Profundis Clamavi ad te, Domine;
Domine exaudi vocem meam Fiant
aures tuae intendentes
in vocem depractionem meae.
Si iniquitates observaveris, Domine;
Domine quis sustenebit?
Quia apud te propitiatio est;
et propter legem tuam
sustinui te Domine.
Sustinuit anima mea in verbo ejus;
speravit anima mea in Domino.
A custodio maturina usque ad noctem,
speret Israel in Domino;
quia apud Dominum misericordia
et copiosa apud eum redemptio.
Et ipse redimet Israel
ex omnibus iniquitatibus ejus.
Gloria Patri et Filio
et Spiritu Sancto.
Sicut erat in principio,
et nunc et semper,

et in saecula saeculorum. Amen.



Tradução para o inglês:



Out of the depths I have cried to you, Lord;
Lord, hear my voice.
Let your ears attend
to the voice of my calling.
If you, Lord, shall mark our iniquities;
Lord who shall abide it?
For there is a mercy with you;
and by reason of your law
I have waited for you Lord.
My soul has relied on His word;
my soul has hoped in the Lord.
From the morning watch even until night,
let Israel hope in the Lord;
for with the Lord there is mercy
and with him copious redemption.
And He shall redeem Israel
from all his iniquities.
Glory to the Father and the Son
and to the Holy Spirit.
As it was in the beginning,
is now, and always will be,
world without end. Amen.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

God Moves in a Mysterious way (tradução)

Deus se move de forma misteriosa
Para realizar suas maravilhas;
Ele imprime suas pegadas no mar,
E cavalga sobre a tempestade.

Fundo, em minas imensuráveis
De habilidade que nunca falha,
Ele entesoura seus desígnios brilhantes
E opera sua vontade soberana.

Vós, santos medrosos, renovai a coragem!
As nuvens que tanto temeis,
São grandes em misericórdia, e irromperão
Em bênçãos sobre vossas cabeças.

Não julgue o Senhor com débil entendimento,
Mas confie nele para sua graça.
Por trás de uma providência carrancuda,
Ele oculta uma face sorridente.

Seus propósitos amadurecerão rapidamente,
Desvendando-se a cada hora;
O botão pode ter um gosto amargo,
Mas a flor será doce.

A incredulidade cega certamente errará
E esquadrinha sua obra em vão:
Deus é seu próprio intérprete
E Ele o tornará claro.


Fonte: O sorriso escondido de Deus, John Piper. Shedd publicações

sábado, 16 de agosto de 2008

Fidelity


A barking sound the Shepherd hears,

A cry as of a dog or fox;

He halts - and searches with his eyes

Among the scattered rocks:

And now at distance can discern

A stirring in a brake of fern;

And instantly a dog is seen,

Glancing through that covert green.


The Dog is not of mountain breed;

Its motions, too, are wild and shy;

With something, as the Shepherd thinks,

Unusual in its cry:

Nor is there any one in sight

All round, in hollow or on height;

Nor shout, nor whistle strikes his ear;

What is the creature doing here?


It was a cove, a huge recess,

That keeps, till June, December's snow;

A lofty precipice in front,

A silent tarn below!

Far in the bosom of Helvellyn,

Remote from public road or dwelling,

Pathway, or cultivated land;

From trace of human foot or hand.


There sometimes doth a leaping fish

Send through the tarn a lonely cheer;

The crags repeat the raven's croak,

In symphony austere;

Thither the rainbow comes - the cloud -

And mists that spread the flying shroud;

And sunbeams; and the sounding blast,

That, if it could, would hurry past;

But that enormous barrier holds it fast.


Not free from boding thoughts, a while

The Shepherd stood; then makes his way

O'er rocks and stones, following the Dog

As quickly as he may;

Nor far had gone before he found

A human skeleton on the ground;

The appalled Discoverer with a sigh

Looks round, to learn the history.


From those abrupt and perilous rocks

The Man had fallen, that place of fear!

At length, upon the Shepherd's mind

It breaks, and all is clear:

He instantly recalled the name,

And who he was, and whence he came;

Remembered, too, the very day

On which the Traveller passed this way.


But hear a wonder, for whose sake

This lamentable tale I tell!

A lasting monument of words

This wonder merits well.

The Dog, which still was hovering nigh,

Repeating the same timid cry,

This Dog, had been through three months' space

A dweller in that savage place.


Yes, proof was plain that, since the day

When this ill-fated Thaveller died,

The Dog had watched about the spot,

Or by his master's side:

How nourished here through such long time

He knows, who gave that love sublime;

and gave that strength of feeling, great

Above all human estimate!


William Wordsworth.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Aos casados...


Qual o motivo válido para permanecer casado? - C.S.Lewis


"E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem." (Mt 19:5-6)
Quando o “amor” acaba...
A idéia cristã de casamento se baseia nas palavras de Cristo de que o homem e a mulher devem ser considerados um único organismo - tal é o sentido que as palavras "uma só carne" teriam numa língua moderna.
Os cristãos acreditam que, quando disse isso, ele não estava expressando um sentimento, mas afirmando um fato — da mesma forma que expressa um fato quem diz que o trinco e a chave são um único mecanismo, ou que o violino e o arco formam um único instrumento musical. O inventor da máquina humana queria nos dizer que as duas metades desta, o macho e a fêmea, foram feitas para combinar-se aos pares, não simplesmente na esfera sexual, mas em todas as esferas. A monstruosidade da relação sexual fora do casamento é que, cedendo a ela, tenta-se isolar um tipo de união (a sexual) de todos os outros tipos de união que deveriam acompanhá-la para compor a união total. A atitude cristã não toma como errada a existência de prazer no sexo, como não considera errado o prazer que temos quando nos alimentamos.
O erro está em querer isolar esse prazer e tentar buscá-lo por si mesmo, da mesma maneira que não se deve buscar os prazeres do paladar sem engolir e digerir a comida, apenas mastigando-a e cuspindo-a. Em conseqüência, o cristianismo ensina que o casamento deve durar a vida toda. Nesse ponto, é claro que existem diferenças entre as diversas igrejas: algumas não admitem o divórcio em hipótese alguma; outras o admitem com relutância em casos específicos. É uma grande lástima que os cristãos divirjam quanto a essa questão; para um leigo, porém, o fato a notar é que, no que diz respeito ao casamento, todas as igrejas concordam muito mais umas com as outras do que concordam com o que vem do mundo exterior.
Todas encaram o divórcio como se fosse algo que cortasse ao meio um organismo vivo, como um tipo de cirurgia . Algumas acham que essa cirurgia é tão violenta que não deve ser feita de forma alguma. Outras a admitem como um recurso desesperado em casos extremos. Todas asseveram que o divórcio se parece mais com a amputação das pernas do corpo do que com a dissolução de uma sociedade comercial ou mesmo com o ato de deserção de um soldado. O que todas elas repudiam é a visão moderna de que o divórcio é simplesmente um reajustamento de parceiros, a ser feito sempre que as pessoas não se sentem mais apaixonadas uma pela outra, ou quando uma delas se apaixona por outra pessoa.
A Relação entre Paixão e Amor
Antes de analisar essa visão moderna e sua relação com a castidade, não devemos deixar de considerar sua relação com outra virtude – a saber, a justiça. A justiça, como tenho dito em outros contextos, inclui a fidelidade à própria palavra. Todos os que se casaram na igreja fizeram a promessa pública e solene de permanecer unidos até a morte. O dever de cumprir essa promessa não tem nenhum vínculo especial com a moralidade sexual: ela está em pé de igualdade com qualquer outra promessa.
A idéia de que "estar apaixonado" é o único motivo válido para permanecer casado exclui qualquer idéia de matrimônio como um compromisso ou promessa. Se tudo se resume ao amor, o ato da promessa nada lhe acrescenta; e, assim, nem deveria ser feito. Entretanto, como G. K. Chesterton apontou, os que se apaixonam é que mais se inclinam, de forma natural, a se ligarem um ao outro por promessas. As canções de amor no mundo todo estão cheias de votos de eterna fidelidade. A lei cristã não impõe à paixão do amor algo que seja estranho à própria natureza dessa paixão; pede que as pessoas apaixonadas levem a sério o que a sua própria paixão os impele a fazer.
E é evidente que a promessa de ser fiel para sempre, que fiz quando estava apaixonado e porque o estava, deve ser cumprida mesmo que deixe de estar. A promessa diz respeito a ações, a coisas que posso fazer: ninguém pode fazer a promessa de ter um determinado sentimento para sempre. Seria o mesmo que prometer nunca mais ter dor de cabeça ou nunca mais ter fome. Pode-se perguntar, no entanto, qual o sentido de manter unidas duas pessoas que não se amam mais. Existem várias razões sociais bem fundamentadas para tanto: dar um lar para os filhos, proteger a mulher (que provavelmente sacrificou a carreira pelo casamento) de ser trocada por outra quando o marido se cansar dela. Existe, no entanto, um outro motivo do qual estou bastante convencido, mesmo que o julgue difícil de explicar.
É difícil porque tanta gente não consegue se dar conta de que, mesmo que "B" seja melhor que "C", talvez "A" seja melhor que ambos. As pessoas gostam de raciocinar com os termos "bom" e "mau", não com os termos "bom", "melhor" e "o melhor de todos", e "ruim", "pior" e "o pior de todos".
O que chamamos de "estar apaixonado" é um estado maravilhoso e, sob diversos aspectos, benéfico para nós. Ajuda-nos a ser mais generosos e corajosos, abre nossos olhos não apenas para a beleza do objeto amado, mas para todo tipo de beleza, e subordina (especialmente no início) nossa sexualidade animal; nesse sentido, o amor é o grande subjugador do desejo desenfreado.
Ninguém que tenha o uso perfeito da razão negaria que estar apaixonado é melhor que a sensualidade ordinária ou o frio egocentrismo. Porém “a coisa mais perigosa que podemos fazer é tomar um certo impulso de nossa natureza como padrão a ser seguido custe o que custar”.
Estar apaixonado é muito bom, mas não é a melhor coisa do mundo. Existem muitas coisas inferiores, mas também muitas outras acima disso. A paixão amorosa não pode ser a base de uma vida inteira. É um sentimento nobre, mas, mesmo assim, é apenas um sentimento. Não podemos nos fiar em que um sentimento vá conservar para sempre sua intensidade total, ou mesmo que vá perdurar. O conhecimento pode perdurar, como também os princípios e os hábitos, mas os sentimentos vêm e vão. Indiferentemente do que as pessoas digam, a verdade é que o estado de paixão amorosa normalmente não dura. É claro, porém, que o fim da paixão amorosa não significa o fim do amor.
O amor nesse segundo sentido – distinto da "paixão amorosa" – não é um mero sentimento. É uma unidade profunda, mantida pela vontade e deliberadamente reforçada pelo hábito; é fortalecida ainda (no casamento cristão) pela graça que ambos os cônjuges pedem a Deus e dele recebem.
Eles podem fruir desse amor um pelo outro mesmo nos momentos em que se desgostam, da mesma forma que amamos a nós mesmos mesmo quando não gostamos da nossa pessoa. Conseguem manter vivo esse amor mesmo nas situações em que, caso se descuidassem, poderiam ficar "apaixonados" por outra pessoa. Foi a "paixão amorosa" que primeiro os moveu a jurar fidelidade recíproca. O amor sereno permite que cumpram o juramento. É através desse amor que a máquina do casamento funciona: a paixão amorosa foi a fagulha que deu a partida.
As pessoas tiram dos livros a idéia de que, se você casou com a pessoa certa, viverá "apaixonado" para sempre. Como resultado, quando se dão conta de que não é isso o que ocorre, chegam à conclusão de que cometeram um erro, o que lhes daria o direito de achar a pessoa “certa” – não percebendo que, da mesma forma que a antiga paixão se desvaneceu, a nova também se desvanecerá.
Nesse departamento da vida, como em qualquer outro, as emoções são próprias do início e não duram para sempre. O encanto que sentimos quando vemos um lugar maravilhoso pela primeira vez desaparece quando passamos a morar lá. Será que isso quer dizer que o melhor seria nunca morar num lugar assim? De maneira nenhuma. Realizado o desejo, a perda da primeira emoção é compensada por um outro interesse mais calmo e mais duradouro.
Outra idéia que apreendemos de romances e peças de teatro é que a paixão amorosa é algo irresistível, algo que simplesmente "contraímos", como sarampo. Por acreditar nisso, certas pessoas casadas largam tudo e se atiram a um novo amor quando se sentem atraídas por alguém.
Penso, porém, que essas paixões irresistíveis são muito mais raras na vida real que nos livros, pelo menos depois de chegarmos à idade adulta. Quando conhecemos uma pessoa bonita, inteligente e bem-humorada, é claro que devemos, num certo sentido, admirar e amar essas belas qualidades.
Porém não cabe a nós em boa medida julgar se esse amor deve ou não dar lugar ao que chamamos de paixão amorosa? Sem dúvida, se nossa cabeça está cheia de romances, peças e canções sentimentalistas, e nosso corpo está cheio de álcool, vamos tender a transformar qualquer amor nesse tipo específico de amor, da mesma forma que, se houver uma valeta junto à estrada num dia de chuva, toda a água vai correr por ela, ou, se você estiver usando um par de óculos de lentes azuis, tudo ficará azulado.
Nesse caso, a culpa será unicamente nossa.
Por C.S.Lewis
Clive Staples Lewis (29 de Novembro, 1898 – 22 de Novembro, 1963), chamado de C. S. Lewis. É conhecido mundialmente por ter sido um ateísta que, após sua conversão ao cristianismo, veio a se tornar um dos maiores escritores cristãos do século XX. Lewis tem sido chamado o porta-voz não oficial do cristianismo, que ele soube divulgar de forma magistral, através de seus livros e palestras, onde ele apresenta sua crença na verdade literal das Escrituras Sagradas, sobre o Filho de Deus, sua vida, morte e ressurreição. Isto foi certamente verdade durante sua vida, mais de forma ainda mais evidente, após a sua morte. Lewis notabilizou-se por uma inteligência privilegiada, e por um estilo espirituoso e imaginativo. "O Regresso do Peregrino", publicado em 1933, "O Problema do Sofrimento" (1940), "Milagres" (1947), e "Cartas do Inferno" (1942), são provavelmente suas obras mais conhecidas. Escreveu também uma trilogia de ficção científico-religiosa: "Longe do Planeta Silencioso" (1938), "Perelandra" (1943), e "That Hideous Strength" (1945). Para crianças ele escreveu uma série de fábulas, começando com "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa" em 1950. Sua autobiografia, "Surpreendido pela Alegria", foi publicada em 1955.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Memórias do Rio de Janeiro

Hoje eu voltei de viagem. Voltei do Rio de Janeiro. Nossa, que cidade! O Rio realmente continua lindo...
Mas vou ser sucinto aqui. Estou colocando esta nova postagem por ter aprendido algumas coisas enquanto conhecia o Rio. Quero contar aqui uma delas. Eu fiquei hospedado em três lugares diferentes. Em um desses lugares, estive sob a tutela de alguém que, vamos dizer assim, não combinava comigo. E, numa noite, eu, que tenho algumas manias, estava tentando dormir num quarto que dava pra cozinha e sala de janta, cada qual com seu relógio. Bom, devo confessar que algumas vezes não consigo dormir com o tic-tac de um relógio. Pra mim, é necessário às vezes completa ausência de som pra pegar um bom sono. Bom, esta noite foi uma dessas difíceis noites de pegar o trem das fases do sono. Aqueles dois relógios, um na cozinha, o outro na sala de jantar, estava me deixando louco...ás vezes entravam em harmonia e eu ouvia uma só batida. Outras vezes eles entravam em fase, musicalmente falando, de modo que eu pudia ouvir duas pra um mesmo segundo....que coisa louca!....cheguei á conclusão de que não pegaria no sono de jeito nenhum. Mas o que fazer? O que tinha de ser feito...peguei os dois relógios, tirei da parede e coloquei na outra sala, do outro lado da casa, de modo que eu não pudesse ouvir aquele barulho insuportável para meu sono.
Bom, uma solução, que realmente me fez dormir tranquilo.
Porém, eu não estava em minha casa e de manhã me peguei pedindo desculpas por ter tirado os dois relógios da parede. A dona da casa realmente ficou chateada comigo, e apesar de falar que os dois relógios estavam me incomodando, ela insistiu que os relógios não faziam barulho. Bom, devido a convivência que eu tinha tido nos últimos dias com ela, eu percebi claramente que não adiantaria discutir. Ela era extremamente metódica em seus hábitos e qualquer coisa contrária ao seu esquema seria mal vinda. Não quero justificar minha atitude aqui. Afinal, primeiro que se eu tinha convivido com ela ao ponto de chegar a esta conclusão (embora essa ficha caiu depois deste incidente), era óbviu que ela ficaria chateada. Segundo, eu não estava em minha casa e portanto, mudar objetos de lugar não era dever meu.
Este incidente me fez enxergar que às vezes não somos chegados a mudanças. Muitas vezes, fazemos o nosso calendário e nossas anotações para o dia, ou a semana, e nos sentimos chateados por algo que não ocorreu do jeito que nós queríamos. A permissão de mudança de nossas vidas somos nós que damos e não desconhecidos! Certo? Sim, mas Deus está acima dessas regras não é? Afinal, cristianismo, nós aprendemos, não se baseia em nosso conforto. Não somos cristãos para fazer o nosso próprio castelo em que ninguém pode tocar! Pelo contrário, nós levamos nossa cruz todo dia. Nós permitimos que Deus nos molde à sua vontade. Nós, enfim, somos transformados à imagem de seu filho a cada dia. Nossa, como isso é difícil. Mas cá entre nós, seria sem valor um cristianismo que não custa nada. Se foi necessário Cristo ser tentado no deserto, porque nós, seus discípulos, nos negaríamos a passar por tentações? Se foi necessário que Cristo entrasse em conflito com o mundo de sua época, porque então nós tentamos tantas vezes nos moldar ao mundo? Se foi necessário que Ele morresse na cruz, porque então se negar, como diz o hino cantado por Alessandra, a ser pregado ao seu lado?
Nós gostamos de dizer que somos cristãos, não? Mas você já se perguntou o que significa ser um cristão?
É impressionante que a maioria dos evangélicos vivem esse cristianismo infantil. Vivendo assim, eles estão vivendo um conto de fadas, onde o céu começa aqui. Céu, eu digo, felicidade. Creio que muitos há que não concordarão. Afinal, cristianismo é sofrer ou ser feliz? Eu diria, que cristianismo é padecer no paraíso! Ser cristão é levar a cruz e ao mesmo tempo ter vida plena. É não se conformar com o mundo e ao mesmo tempo transformá-lo através de atitudes. O cristianismo é difícil, porque implica uma postura ao mesmo tempo humilde e corajosa.
É, não é fácil ser cristão. Nunca foi, nunca será. Afinal, felizes os que choram, os pobres de espírito e os que são perseguidos por amor a Cristo. Busquemos isso!

terça-feira, 27 de maio de 2008

1.
O Captain! my Captain! our fearful trip is done!The ship has weathered every wrack, the prize we sought is won.The port is near, the bells I hear, the people all exulting,While follow eyes the steady keel, the vessel grim and daring.
But, O heart! heart! heart! Leave you not the little spot Where on the deck my Captain lies, Fallen cold and dead.
2.
O Captain! my Captain! rise up and hear the bells!Rise up! for you the flag is flung, for you the bugle trills:For you bouquets and ribboned wreaths; for you the shores a-crowding:For you they call, the swaying mass, their eager faces turning.
O Captain! dear father! This arm I push beneath you. It is some dream that on the deck You've fallen cold and dead!
3.
My Captain does not answer, his lips are pale and still:My father does not feel my arm, he has no pulse nor will.But the ship, the ship is anchored safe, its voyage closed and done:From fearful trip the victor ship comes in with object won! Exult, O shores! and ring, O bells! But I, with silent tread, Walk the spot my Captain lies, Fallen cold and dead.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

um pouco de C. S. Lewis

O Grande Pecado C.S. Lewis


Existe um vício do qual ninguém no mundo está livre; um tipo de vício que é criticado por todo mundo quando vê alguém fazendo, mas que ninguém se encontra culpado de praticá-lo. Ouvimos acerca de pessoas que tem mau caráter, ou que não podem deixar de pensar em mulheres, ou na bebida. Porém, não ouvimos ninguém que se confesse praticante desse tipo de vício. Pior ainda, não há uma falta existente em nós que seja tão difícil de ser confessada. E, para completar, por pior que seja essa pratica em nós, mais nos aborrece quando vemos outra pessoa praticando-la. O vício do qual falamos é o orgulho ou amor próprio. O oposto a esse vício se conhece como humildade. Segundo alguns mestres cristãos, o pior vicio e a maldade extrema é essencialmente, o orgulho. Os pecados sexuais, a ira, a avareza, a bebedeira, e todos os outros são apenas “picadas de mosquito”, em comparação com o orgulho. Foi por orgulho que o diabo se converteu em diabo. O orgulho leva o ser humano a todos os outros vícios, e este é, sem dúvida, um estado anti-Deus na mente.Você acha que isso é um exagero? Se considera assim, antes pense melhor. Quanto mais orgulho você tiver, mais você fica irritado quando o vê nas demais pessoas. Se você deseja saber qual a quantidade de orgulho existente em você, basta se perguntar o seguinte: ‘quanto me chateia que as outras pessoas me desprezem, que não me tomem em conta, ou que me façam “remar” para o seu próprio benefício, de me acharem incapaz para desempenhar uma função, ou ainda, se acharem superiores a mim? Quanto isso me chateia?’O fato é que o orgulho de cada um compete com o orgulho do outro. Nós sempre desejamos estar em destaque, e nos chateia, quando outras pessoas estão em destaque. O que eu quero dizer é que, o orgulho é essencialmente, uma competição com o próximo. Nós costumamos dizer que existem pessoas que são orgulhas por serem ricas, ou por terem mais inteligência, ou ainda, por terem um melhor físico. Mas, na verdade, essas pessoas são orgulhosas, por serem mais ricas que outras, por terem mais capacidade que outras, e por serem uma melhor figura que outras. Se não existir competição, não há orgulho. Quase todos os males desse mundo, que agente qualifica de cobiça e egoísmo, são, na verdade, orgulho.Em Deus, encontramos alguém que, em todos os sentidos, é imensamente superior a nós. Reconhece-lo significa deixar de lado o orgulho. Só poderemos conhecer a Deus se, e somente se, reconhecermos que nós não somos nada diante DELE. Enquanto contivermos o orgulho em nós, não poderemos conhecer Deus. O orgulhoso sempre “se acha”. E, enquanto está olhando para baixo, para “os outros – finitos e miseráveis perdedores”, não terá a capacidade de olhar para Quem está sobre ele.Isso nos conduz a uma pergunta espetacular: Como é que existem pessoas que são tão orgulhosas, e dizem que acreditam em Deus, e ainda são muito religiosas? A verdade é que estão adorando a um Deus imaginário. Se você achar que a sua vida religiosa está fazendo você se sentir “bom”, e, sobretudo, que é melhor que os outros, eu acho que você está sendo manipulado pelo diabo. A prova real de se estar na presença de Deus é a de que você se esqueça totalmente você mesmo.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Estes sítios

Olha bem estes sítios queridos,
Vê-os bem neste olhar derradeiro...
Ai! o negro dos montes erguidos,
Ai! o verde do triste pinheiro!
Que saudades que deles teremos...
Que saudade! ai, amor, que saudade!
Pois não sentes, neste ar que bebemos,
No acre cheiro da agreste ramagem,
Estar-se alma a tragar liberdade
E a crescer de inocência e vigor!
Oh! aqui, aqui só se engrinalda
Da pureza da rosa selvagem,
E contente aqui só vive Amor.
O ar queimado das salas lhe escalda
De suas asas o níveo candor,
E na frente arrugada lhe cresta
A inocência infantil do pudor.
E oh! deixar tais delícias como esta!
E trocar este céu de ventura
Pelo inferno da escrava cidade!
Vender alma e razão à impostura,
Ir saudar a mentira em sua corte,
Ajoelhar em seu trono à vaidade,
Ter de rir nas angústias da morte,
Chamar vida ao terror da verdade...
Ai! não, não... nossa vida acabou,
Nossa vida aqui toda ficou.
Diz-lhe adeus neste olhar derradeiro,
Dize à sombra dos montes erguidos,
Dize-o ao verde do triste pinheiro,
Dize-o a todos os sítios queridos
Desta ruda, feroz soledade,
Paraíso onde livres vivemos...
Oh! saudades que dele teremos,
Que saudade! ai, amor, que saudade!

[ Almeida Garrett, Folhas caídas ]

quarta-feira, 7 de maio de 2008

God Moves In a Mysterious Way

God moves in a mysterious way
His wonders to perform;
He plants his footsteps in the sea,
And rides upon the storm.

Deep in unfathomable mines
Of never failing skill,
He treasures up his bright designs
And works his sovereign will.

Ye fearful saints, fresh courage take,
The clouds ye so much dread
Are big with mercy, and shall break
In blessings on your head.

Judge not the lord by feeble sense,
But trust him for his grace;
behind a frowning providence
He hides a smiling face.

His purpose will ripen fast,
Unfolding every hour;
the bud may have bitter taste,
But sweet will be the flower.

Blind unbelief is sure to err,
And scan his work in vain:
God is his own interpreter,
And He will make it plain.

sábado, 29 de março de 2008

Walter Savage Landor

Shepherd and Nymph

from Gebir

'Twas evening, though not sun-set and spring-tide
Level with these green meadows, seem'd still higher;
'Twas pleasant: and I loosen'd from my neck
The pipe you gave, and began to play.
O that I ne'er learnt the tuneful art!
It aways bring us enemies or love!
Well, I was playing - when above the waves
Some swimmer's head methought I saw ascend;
I, sitting still, survey'd it, with my pipe
Awkwardly held before my lips half-clos'd.
Gebir! It was a nymph! a nymph divine!
I cannot wait describing how she came,
How I was sitting, how she first assum'd
The sailor: of what happened, there remains
Enough to say, and too much to forget.